São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Coréia do Sul entra na mira dos especuladores

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Coréia do Sul é a mais nova candidata a sofrer um ataque cambial e está sendo monitorada cuidadosamente pelo Fundo Monetário Internacional. Segundo Michel Camdessus, diretor-gerente do fundo, "se houver necessidade haverá um plano de ajuda, como ocorre com todos os governos".
O FMI já negociou pacotes de auxílio para a Tailândia e a Indonésia desde que estourou a crise no Sudeste Asiático, somando US$ 40 bilhões. O Japão, informa o "Wall Street Journal", continua promovendo a criação de um fundo regional contra a especulação, contrariando o FMI e os interesses das potências ocidentais. Falando em Paris, Camdessus afirmou que, por enquanto, não considera necessário um pacote para a Coréia.
O mercado de capitais coreano já está sob o fogo cruzado dos especuladores, que o estão abandonando. A dívida coreana é a que tem mais credores na região. Uma crise de confiança na Coréia teria, portanto, efeitos ainda mais destrutivos sobre a Ásia. A moeda coreana, o won, está perdendo valor.
O diferencial entre os juros na Coréia do Sul e nos Estados Unidos já dobrou na última semana, como reação à perda de confiança no país. Economistas já estão afirmando que a Coréia deverá pedir socorro externo. As suas reservas internacionais são estimadas entre US$ 15 bilhões e US$ 30 bilhões.
Camdessus acredita que os esforços do governo coreano são suficientes para restaurar a confiança. "Por ora, não há pânico."
O banco central da Coréia ordenou que as empresas parem de entesourar (guardar) dólares. A decisão gerou alta nos depósitos em dólar no banco central, ajudando a recompor as reservas.
A instituição já ofereceu US$ 2 bilhões em empréstimos emergenciais a instituições do país. Em julho, o banco central já havia proibido as empresas de se endividarem em mais de 45% do seu capital integralizado, medida considerada corajosa pelo diretor do FMI.
Indonésia
O fundo aprovou formalmente ontem um pacote de auxílio à Indonésia no valor de US$ 10,14 bilhões, depois de o país praticamente chegar ao colapso financeiro. A Indonésia já recebeu US$ 23 bilhões em créditos do FMI e de outras agências desde que sua moeda (rupia) desabou, praticamente levando o país à moratória.
A decisão do governo tailandês de convocar eleições e fazer modificações na constituição foi elogiada por Camdessus.
Se a situação coreana piorar, estarão correndo risco cerca de US$ 40 bilhões de títulos com prazo de cinco anos comprados por investidores europeus e norte-americanos e vendidos, entre outros, pelo Korea Development Bank.
Os bancos e as empresas coreanas têm US$ 80 bilhões em dívidas de curto prazo, em grande parte precisando ser renegociadas. Segundo Ricardo Kleinbaum, vice-presidente da PaineWebber Inc., todo mundo tem papéis coreanos, de pequenas corretoras aos maiores fundos de pensão.

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