São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Dirigente anuncia rebeldia à lei Pelé

Eduardo Viana encontrou relator

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos principais dirigentes do futebol brasileiro, Eduardo Viana, disse ontem que não obedecerá a uma lei Pelé -se o projeto do ministro dos Esportes se transformar em lei- que obrigue os clubes a converter em empresas os departamentos de seus esportes profissionais, como o futebol.
Viana é presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio.
Ele fez a afirmação no Rio de Janeiro, diante do deputado federal Tony Gel (PFL-PE), relator da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o projeto apresentado por Pelé.
"Se isso virar lei, ninguém vai cumprir. As federações vão dar filiação aos jogadores dos clubes. Ninguém pode nos coagir a nada."
Viana se qualificou como "um rebelde", mas disse não falar apenas por sua entidade.
"Tenho medo da interferência do poder público, que não tem autoridade para tal." Ele chamou de inconstitucional a obrigação de virar empresa porque atingiria o direito de associação livre.
Guru
Além de presidente da segunda maior federação do país, Eduardo Viana é uma espécie de guru dos principais dirigentes de futebol brasileiro.
Ele teve participação decisiva na "virada de mesa" que manteve o Fluminense na primeira divisão do Brasileiro de 1997.
Viana afirmou que uma lei em desacordo com a cultura do Brasil "não pega".
Citou como exemplo a Lei Zico, descumprida por ele e pela maioria dos dirigentes.
A lei, de 1993, determina que os tribunais esportivos não tenham a indicação dos membros controlada pelas federações, o que até hoje não é implementado.
Pela Lei Zico, os clubes poderiam formar ligas.
Até hoje, Viana inviabilizou a realização de torneios da liga independente fundada no Rio.
Fusca
Segundo ele, clube-empresa seria um choque, como um Fusca batendo num caminhão.
Radicalizando o discurso dos dirigentes de futebol, Viana referiu-se a três assessores do ministro Pelé, sem citar nomes.
"Um é ex-sargento do Corpo de Bombeiros de Volta Redonda (RJ) e manipula o ministro (referência a Hélio Viana, sócio de Pelé), outro é um professor lunático (Carlos Miguel Aidar, ex-presidente do São Paulo), e outro é um péssimo lutador de caratê (Manoel Tubino, ex-presidente do Conselho Nacional dos Desportos)."
Hélio Viana disse à Folha não querer polemizar.
"Não vamos responder ao Caixa D'Água", afirmou o dirigente, utilizando o apelido pelo qual Eduardo Viana é conhecido.

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