São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997 |
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O APANHADOR "O guri era o máximo. Tinha descido da calçada e vinha andando pela rua, juntinho ao meio-fio. Fazia de conta que estava andando bem em cima de uma linha reta, como todos os meninos fazem, e cantarolava o tempo todo. Cheguei perto para ver se escutava o que ele estava cantando. Era aquela música: 'Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio'." "- Você sabe o que eu quero ser?, perguntei a ela. - Sabe o que eu queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha? - O quê? Pára de dizer nome feio. - Você conhece aquela cantiga: 'Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio'? Eu queria... - A cantiga é 'Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio!', ela disse. É de um poema do Robert Burns... - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto -quer dizer, ninguém grande- a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho de fazer? Tenho de agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo." Trechos de "O Apanhador no Campo de Centeio", de J.D. Salinger, em que Holden Caulfield fala sobre o tema do título. Texto Anterior: Leitor, não procure seguir meu exemplo Próximo Texto: ECOS DE SALINGER... Índice |
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