São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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INVERNO NA ECONOMIA

Faz apenas uma semana que o governo dobrou as taxas de juros. Ainda é cedo para avaliar quão dura será a freada na economia. Mas, aos sinais de desaquecimento que já se viam nos últimos meses, somam-se novos indicadores de que o aperto financeiro pode agora conter abruptamente as vendas e a produção.
O enorme aumento dos juros ainda não mostrou todos os seus efeitos sobre os vários estágios da atividade produtiva, mas consumidores e empresas já se retraem visivelmente.
O anúncio de férias coletivas por algumas indústrias paulistas confirma essa tendência. Interromper temporariamente a produção é o tipo de decisão que se toma em meio a cenários econômicos recessivos, quando se sobrepõem vendas fracas a previsões não muito animadoras.
Por enquanto, são poucos os casos de férias coletivas antecipadas. Mas há outros sinais mostrando que, lamentavelmente, o desaquecimento só pode estar se acentuando. Quebrou-se o ritmo crescente de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e ao Telecheque.
O volume de consultas ao SPC caiu 17,9% nos primeiros dias deste mês em relação ao início de outubro. No caso do Telecheque -que serve de indicador das vendas à vista- houve alta de só 6,4% em relação ao começo do mês passado, apesar da aproximação do Natal. E isso parece refletir somente o desejo, da parte de quem pode comprar à vista, de aproveitar a situação de dificuldade do comércio.
Já havia sinais de desaquecimento antes da recente duplicação das taxas de juros. O desemprego registrou recordes em São Paulo. A inadimplência crescia. Nesse cenário, resta esperar que se acalme a situação nos mercados financeiros. E que a manutenção dos juros em níveis tão altos seja de fato a mais breve possível.

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