São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Guia para tirar o sono

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Se o leitor não conseguiu acompanhar todos os emocionantes detalhes da crise global, eis um pequeno manual para ajudá-lo a não dormir (os que acompanham a coisa toda ou já estão com insônia ou são tremendos cabeças frescas).
Primeiro, há que distinguir dois problemas:
1 - A situação nos países do Sudeste Asiático, nos quais tudo começou. Aí, tem-se apenas uma crise.
2 - A possibilidade de a crise contaminar a bolsa de Nova York. Aí, seria a ante-sala do apocalipse.
Sobre a crise asiática, vale saber que não acabou. Deu uma acalmada, mas todos os problemas de origem persistem, até agravados em alguns países.
Sobre a possibilidade de essa crise contaminar Wall Street, aquela ruazinha sem graça de Nova York que, não obstante, é o coração financeiro do planeta, lembro-me de George Soros, o mega-investidor.
Em fevereiro de 95, quando o México e não a Ásia era sinônimo de problemas, Soros dizia que estavam dadas as condições para um crash idêntico ao de 1929. Ou Soros estava e está equivocado ou apenas errou no "timing".
Sobre o Brasil, reproduzo trecho de artigo da mais recente edição da revista "Time", aliás com o feliz título de "Culpados por associação".
Diz: "Países como o Brasil mostram alguns dos mesmos sintomas que minaram o Sudeste Asiático- moedas sobrevalorizadas, crescentes déficits em conta corrente e elevadas taxas de juros". Por isso é que são "culpados por associação".
Para acabar com o sono de uma vez, duas coisinhas: 1 - Se e quando as taxas de juros baixarem, não voltarão, de todo modo, ao nível anterior, já abusivo. Ficarão algo acima. Não é palpite, é informação.
2 - "Ninguém sabe o que fazer" (com o sistema financeiro global). Palavra de FHC à revista "Veja", em entrevista recentíssima, publicada dia 10 de setembro.

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