São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Choque invade cadeia e termina motim

DENIZE ASSIS
DA FOLHA CAMPINAS

Um grupo de 132 Policiais Militares da tropa de choque da PM de São Paulo invadiu a cadeia de Piracicaba, ontem, às 11h05, e pôs fim ao motim iniciado às 20h de terça-feira. Há 13 presos feridos.
Agentes penitenciários, com o apoio da tropa de choque, encontraram 11 presos feridos em duas alas da cadeia. Outros dois presidiários já haviam sido hospitalizados anteontem após uma briga.
A polícia e a Justiça de Piracicaba (170 km a noroeste de São Paulo) abriram inquéritos para apurar responsabilidades no caso.
O tenente-coronel Rui César Melo, 46, comandante-interino da tropa de choque, disse que os presos encontrados ontem apresentavam ferimentos provocados por arma de fogo.
"Não sou capaz de avaliar se os ferimentos foram recentes ou não, mas não tenho dúvidas de que foram causados por bala", disse.
Segundo o tenente-coronel, após a invasão foram encontrados projéteis no interior da cadeia. Melo disse que sua tropa não disparou nenhum tiro durante a invasão.
O delegado-regional interino de Piracicaba, Álvaro Cardin, 56, disse que os ferimentos foram leves e que os presos foram medicados e levados para as celas e para o setor de triagem da cadeia.
Disparos
"Houve disparos dos policiais que faziam a vigilância do presídio, pois eles tinham que conter as tentativas de fuga. Ninguém atirou para matar, os disparos foram feitos contra as paredes e desviaram, atingindo os presos", disse Cardin.
Segundo ele, a Polícia Civil já instaurou sindicância e inquérito para apurar o caso.
O diretor da cadeia de Piracicaba, Luiz Pereira da Silva, 42, disse que os disparos tinham que ser feitos pelo policiais.
"Se não fossem feitos os disparos para o alto, não teríamos condições de evitar fugas", disse.
"Os ferimentos são anteriores ao dia de hoje (ontem). Esses presos estão feridos há dois ou três dias", disse.
A Folha não teve acesso às alas internas da cadeia após o fim da rebelião.
Os presos feridos encontrados no local foram atendidos na enfermaria da cadeia por quatro médicos da PM, que não falaram com a imprensa.
O delegado-regional interino de Piracicaba disse que a direção da cadeia foi orientada a não suspender, como punição, as visitas -que acontecem hoje e amanhã.
"Os presos poderiam ficar ainda mais nervosos", afirmou.
Segundo Cardin, a segurança da cadeia ainda vai ser avaliada pela polícia, para que possam ser tomadas novas providências.
A cadeia ficou parcialmente destruída. As grades das celas foram arrancadas e tiveram os cadeados quebrados. Uma parede também foi derrubada e a enfermaria ficou parcialmente destruída.
Além disso, segundo o diretor da cadeia, um vidro com espessura de 35mm foi quebrado. O vidro protege a sala da carceragem.
Ontem, funcionários da prefeitura fizeram os reparos emergenciais no local.
Foram tapados dois túneis e colocadas portas de aço e cadeados nas celas.

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