São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Queda nas Bolsas asiáticas e menor desemprego derrubam Wall Street

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A Bolsa de Valores de Nova York voltou a operar em baixa ontem, uma semana após a convulsão do fim de outubro, em reação a ondas de venda em Tóquio e de Hong Kong.
O índice Dow Jones fechou 101,92 pontos abaixo do nível de quinta-feira, ou 1,33%. Na semana, o índice registrou crescimento de 1,87%.
O nervosismo dos investidores em Wall Street, onde funciona a Bolsa de Nova York, também se deveu ao anúncio, pelo governo norte-americano, de que o índice de desemprego no país atingiu seu nível mais baixo em 24 anos (4,7%) e o salário médio nos EUA cresceu para US$ 12,41 por hora.
Baixos índices de desemprego e aumentos no salário médio, embora sejam boas notícias, costumam provocar em investidores receios quanto a uma possível escalada inflacionária e consequente elevação das taxas de juros pelo banco central do país. Por isso, muitos resolvem vender suas ações para evitar futuros prejuízos.
Alguns analistas também creditaram à queda na Bolsa de São Paulo a inquietação de ontem em Nova York. Desde a semana passada, vários investidores temem que o Brasil seja palco da próxima crise financeira entre mercados emergentes, após México e Indonésia.
Buscando sinais
O principal fator para a queda de ontem em Nova York foi o fechamento, em baixa, das Bolsas de Tóquio e de Hong Kong. O índice Dow Jones chegou a estar 200 pontos abaixo do nível de quinta-feira, mas acabou reagindo um pouco.
As quedas em Tóquio e Hong Kong foram de 4,22% e 2,96%, respectivamente. A baixa em Hong Kong foi considerada especialmente séria porque aquele mercado tem sido encarado como a única ilha de tranquilidade entre os países da Ásia.
A Bolsa de Hong Kong não tem volume de negócios suficientemente grande para afetar a de Nova York. O valor total das companhias negociadas em Hong Kong está em torno de US$ 360 bilhões, comparado com os US$ 9 trilhões em Nova York.
Mas, no atual ambiente globalizado da economia, argumentos objetivos e racionais têm menos importância do que aspectos psicológicos.
Os investidores estão sempre em busca de sinais de como os negócios vão se desenrolar no futuro imediato e tomam decisões baseadas mais em sentimentos subjetivos do que em fatos.
Pior já passou
Autoridades do governo dos EUA não chegaram a comentar a baixa de ontem nas Bolsas e a maioria dos analistas acredita que ela não irá desencadear outra semana de convulsões nos mercados financeiros como foi a última de outubro. Para eles, o pior daquela crise já foi superado.
O presidente Bill Clinton comentou apenas o anúncio da queda no nível de desemprego para usá-la como mais um argumento a favor da aprovação, pela Câmara dos Representantes (deputados), da legislação do "fast track" (leia reportagem na página 2-6), que lhe dará poderes para negociar acordos comerciais.
O presidente considera que o "fast track" (via rápida) é importante para a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) até 2005.
Segundo Clinton, um país com a economia com as características atuais da norte-americana não tem motivos para temer a concorrência comercial e deve apostar no livre comércio.
(CELS)

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