São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Vania Toledo pinta a cor do Pantanal

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Fotógrafa pinta a cor do Pantanal
A fotógrafa Vania Toledo lança na próxima segunda-feira, na Galeria São Paulo, o livro "Pantanal", com uma mostra do ensaio.
Pela primeira vez, Toledo usou cores para realizar um trabalho pessoal pintando as paisagens do Pantanal mato-grossense.
Elas estão principalmente nos barcos e nos reflexos do sol nas águas, criando grafismos momentâneos. O projeto gráfico do livro é de Cuca Petit e os textos são do teatrólogo e escritor Antônio Bivar. Leia a seguir entrevista da fotógrafa concedida à Folha.
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Folha - Como surgiu a idéia de fazer um ensaio sobre o Pantanal?
Vania Toledo - Em setembro do ano passado, o jornal "London Times" disse que o Pantanal é considerado como a oitava maravilha do planeta. Fiquei envergonhada. Sou brasileira, viajo pelo mundo inteiro e ainda não tinha ido ao Pantanal. Veio o estalo e resolvi fazer o projeto do livro, iniciando a minha aventura.
Folha - Quem deu ritmo às fotos, você ou o Pantanal?
Toledo - Entrei no ritmo dele, longe do ritmo urbano em que a maquininha enlouquece, querendo captar tudo.
No Pantanal, o silêncio e a calma me levaram à contemplação. De repente, surge uma imagem e clique, a gente registra ao sabor da surpresa. E não é preciso controlar nada, como em um estúdio.
Folha - E como foi usar os filmes em cores pela primeira vez, em um trabalho pessoal?
Toledo - Acho que todo fotógrafo deveria fazer pequenos exercícios, absolutamente ao contrário de tudo que faz na vida. Eu me colori. A natureza brilhou o tempo todo, desfilando um arco-íris de cores para mim.
Também usei o preto-e-branco para retratar o ser humano. Ele é a minha inspiração e a forma que encontro de reconhecê-lo em sua integridade.
Folha - Foi usado algum conceito na elaboração do livro?
Toledo - Sim, mas eu não conhecia o Pantanal, por isso eu o vi com doçura. Apliquei texturas nas águas, que formam molduras para a flora e fauna da região.
Folha - O ensaio é seu brado de alerta contra a destruição?
Toledo -Claro, sobretudo no momento em que querem fazer da região uma super-estrada fluvial, que destruirá suas belezas.
O texto bilingue de Antônio Bivar chama a atenção para essa questão. "A pessoa nunca será a mesma depois de viajar um dia inteiro na Transpantaneira". Abraço a causa para a minha vida toda.

Exposição: Pantanal, de Vania Toledo
Onde: Galeria São Paulo (r. Estados Unidos, 1.456, tel. 011/852-8855, Jardins)
Quando: a partir de segunda, às 21h; seg. a dom., das 10h às 19h; até 19 de novembro
Livro: Pantanal
Quanto: R$ 90

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