São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Indústria espera diminuição das vendas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A um mês e meio do Natal, a indústria, que já não estava empolgada com o ritmo de vendas, espera um final de ano ainda pior, após o governo dobrar os juros básicos da economia.
Há uma frustração generalizada com o desempenho dos negócios. Se antes do choque monetário já havia consenso entre os empresários de que as vendas na melhor das hipóteses permaneceriam estáveis, mesmo com o efeito Natal, agora há quem espere por queda no faturamento.
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), este final de ano será bem mais fraco do que se previa até há duas semanas. Mais do que um mau sinal da atividade da indústria, isso significa frustração para as empresas.
"Os empresários esperavam um final de ano ensolarado. Não está chovendo, mas há um mormaço chato", diz Flávio Castelo Branco, coordenador-adjunto de política econômica da CNI.
A CNI, conta ele, previa um crescimento de 4% a 5% neste ano. A estimativa foi refeita para 3,5%. Depois da alta dos juros, já fala em um percentual abaixo de 3,5%.
"O impacto do aumento dos juros na indústria se dará especialmente no próximo ano." E a sua intensidade, avalia Castelo Branco, vai depender de quanto tempo os juros permanecerão altos.
Apesar de a indústria prever diminuição dos negócios a partir de 1998, não significa que a atual retração do consumo não seja significativa, segundo ele.
"Este período do ano é considerado o filé mignon do setor de bens de consumo. Um Natal fraco no comércio resulta numa fraca reposição de estoque da indústria."
A exaustão da capacidade de endividamento do consumidor, a inadimplência e o desemprego são outros fatores que vão continuar contribuindo para a retração.
Para a indústria paulista, o último trimestre de 1997 ainda pode ser semelhante ao de 1996. "O ritmo de atividade das fábricas neste ano ainda deve ser de 4% a 5% maior do que o do ano passado, puxado sobretudo pelo desempenho do primeiro semestre", diz Boris Tabacof, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A indústria alimentícia ainda espera encerrar o ano com produção e venda física 3,5% superior ao ano passado. Antes da alta dos juros, a previsão era crescer 4%. O faturamento, porém, deve ser igual ao de 1996, de US$ 69,8 bilhões.
"As empresas estão vendendo mais do que em 1996, mas o preço médio dos produtos está caindo", diz Amílcar Lacerda de Almeida, gerente do departamento de economia da Abia, que reúne a indústria de alimentos.

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