São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Crise compromete perspectivas da AL

LUCAS FIGUEIREDO
DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

A crise mundial nas Bolsas irá fazer com que a América Latina -que tem 7,7% de suas exportações voltadas para os países asiáticos- entre no terceiro milênio com as mesmas perspectivas dos anos 70, 80 e 90.
Mais uma vez os países latino-americanos terão de aplicar medidas econômicas restritivas para estabilizar suas economias e contarão com poucos recursos para rever o desequilíbrio social.
O resultado, considerado tímido, será consequência direta do desaquecimento da economia do Sudeste Asiático e da alta de juros no Brasil, uma das principais locomotivas da região.
"O desemprego e a desigualdade social na América Latina nos anos 90 já estava em níveis mais graves que nos anos 80 e 70, tanto no Brasil como na Argentina", afirmou à Folha o cientista político argentino Rosendo Fraga.
Os dois países latino-americanos que serão mais afetados são o Peru e o Equador pelo seu intenso comércio com os países asiáticos, em função de sua vocação para o comércio pelo Pacífico.
Isso, na prática, significa queda nas exportações, gerando menos recursos para combater as desigualdades sociais. Os dois países estão entre os que pagam as mais baixas aposentadorias na América Latina (US$ 112 ao mês no Peru e US$ 100 no Equador, em média).
No caso peruano, a crise nas Bolsas deverá significar a revisão nas perspectivas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano, passando dos 6% imaginados anteriormente para 4,5%, de acordo com as empresas consultadas pelo "The Wall Street Journal".
No entanto, dentre os mercados emergentes, a América Latina poderá ser, paradoxalmente, a mais beneficiada -ou o menos atingido- com a crise mundial nas Bolsas, segundo Fraga.
"A crise no Sudeste Asiático coloca a América Latina, ao mesmo tempo, em posição de vantagem e desvantagem. Em desvantagem porque afeta todos os mercados emergentes. Mas também em vantagem, já que a América Latina melhora sua posição no contexto geral dos mercados emergentes", afirmou o cientista político.
(LF)

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