São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Secretário propõe "fundo anticíclico"

LÉO GERCHMANN
DE BUENOS AIRES

O secretário da Fazenda de Buenos Aires, Adalberto Giavarini, 53, defende a adoção do "fundo anticíclico", sistema que ele considera ideal para um país ter proteção contra situações como a da queda brusca na Bolsa de Valores. Para ele, o sistema é "natural, interno e desvinculado de compromissos" para o resguardo da economia.
Giavarini é um dos economistas mais bem cotados na Argentina, especialmente em relação ao setor público. Seu nome é citado como "ministeriável" caso a oposicionista Aliança UCR-Frepaso vença as próximas eleições presidenciais.
"O fundo anticíclico diminuiria a incidência das crises nas economias. Contaria com capitais rotativos, equivalentes a um ano de vencimento da dívida de largo prazo. Só o anúncio da sua adoção já teria resultado dissuasivo sobre aqueles que duvidam do funcionamento do mercado. Os investidores teriam segurança e continuariam investindo com a certeza de que estão seguros", disse ele em entrevista à Folha.
"Teríamos uma economia em melhor situação, pois estaríamos cobertos das oscilações bruscas." Segundo ele, o que afeta o crescimento da economia de um país é "a incerteza, a falta de justiça, a inflação, a falta de estabilidade monetária e o desequilíbrio fiscal".
"Temos de continuar olhando a evolução do Brasil, cuja economia tem a característica do desequilíbrio fiscal, que causa incertezas na região. Nós estamos vulneráveis não só devido à saída de capitais, mas porque concentramos mais de 30% do mercado no país vizinho."
Anticrise
Uma espécie de plano anticrise, mas com capital externo, poderá ser criado com o acordo entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional. O FMI sugeriu que o governo argentino aumente a arrecadação para ter garantias contra crises. Em troca, poderá emprestar-lhe até US$ 3 bilhões.
Os empresários também estão propondo soluções para a crise. Tanto o presidente da União Industrial Argentina, Claudio Sebastiani, quanto o presidente do Instituto para o Desenvolvimento Empresarial da Argentina, Carlos Leone, defendem a restrição nos gastos do governo para possibilitar a acumulação de reservas.

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