São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Brasileiros poderão chegar ao espaço

DA REPORTAGEM LOCAL

Astronauta brasileiro? A idéia está deixando de ser remota. A possibilidade está prevista em um acordo assinado entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos durante a visita do presidente norte-americano Bill Clinton ao país, no mês passado.
O acordo estabelece a criação de uma estação orbital internacional formada por 15 países, entre eles o Brasil. A estação será inaugurada em 2004 e será tripulada por até seis pessoas desses países.
Assim, especialistas da área acreditam que será possível enviar astronautas brasileiros ao espaço, a partir de 2005.
Seleção à vista
A Nasa (agência espacial norte-americana) quer contar com seis astronautas brasileiros na estação, segundo Ajax Barros de Mello, 63, diretor-geral da AEB (Agência Espacial Brasileira), responsável pelo programa espacial do país.
"O pedido foi formal e é para valer", assegura. Segundo ele, o Brasil contribuiu com US$ 120 milhões para a construção da estação espacial internacional, que custará US$ 30 bilhões no total.
Para ser candidato a astronauta, será necessário ter doutorado ou mestrado em alguma área científica -vale engenharia, física e biologia, por exemplo-, além de ter boas condições físicas. Também é importante falar inglês.
A seleção dos interessados será feita pela AEB e pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos (97 km a noroeste de São Paulo). O processo começa no ano que vem, quando serão escolhidos os primeiros quatro astronautas.
O treinamento dos escolhidos, também ainda sem data definida, será feito durante três anos, sendo dois deles nos Estados Unidos e um no Brasil.
Campo de trabalho
Pelos próximos oito anos, entretanto, nada muda. O campo de trabalho para especialistas na área espacial, no país, continuará restrito à preparação de pesquisas que são desenvolvidas fora da Terra e ao desenvolvimento de equipamentos usados em aeronaves e estações espaciais.
O Inpe fornece esses equipamentos. Segundo Himilcon Carvalho, 35, tecnologista-sênior, o instituto especifica quais equipamentos devem ser utilizados e suas características, podendo até construí-los.
"O trabalho é empolgante, o problema é que não é bem remunerado", diz. O salário médio é R$ 1.300. Himilcon diz receber R$ 2.000 mensais. A remuneração é a mesma de outros profissionais que desenvolvem estudos ligados à área espacial, como meteorologistas, especialistas na chamada alta atmosfera e em observação da Terra. Seu trabalho serve para mapear a superfície terrestre e prever as condições atmosféricas.
Na área de pesquisa, o espaço ajuda, por exemplo, a estudar as proteínas. Fora do alcance da gravidade, a substância se expande e pode ser melhor observada. É possível, então, entender melhor como as proteínas interagem com os remédios, aumentando sua eficácia e diminuindo efeitos colaterais.

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