São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Tucanos de SP criticam presidente

DA REPORTAGEM LOCAL

A conversa entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) na semana passada foi um dos principais temas da convenção municipal do PSDB ontem em São Paulo.
"Coligação com M... não. Fernando: volta para o ninho", dizia uma faixa pendurada à entrada da sede do diretório.
Na quarta-feira, supostamente em troca da neutralidade de FHC na disputa pelo governo do Estado, Maluf declarou seu apoio à reeleição e descartou a hipótese de se candidatar ao Planalto.
"Não podemos admitir que, em troca do apoio de um homem cujo nome tornou-se verbete de dicionário -rouba, mas faz-, nosso histórico enfrentamento seja esquecido ou colocado para escanteio", diz o documento.
"Estamos até o limite ideológico comprometidos com as alianças que fizemos para o pleito de 94", afirma a "Juventude", referindo-se à aliança do PSDB com o PFL. "Não podemos conceber que o 'frangoluf' venha a participar de nossa campanha."
Segundo o secretário-geral do grupo tucano, Wilson Sérgio Pedroso Júnior, o encontro entre o presidente e Maluf "magoou" o partido em São Paulo. "É uma afronta. FHC vai ter de participar do maior número possível de eventos com o governador (Mário Covas) para tirar a cisma."
O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Paulo Kobayashi, concorda com a avaliação.
"O Fernando Henrique precisa ter apoio para as reformas. Nesse sentido, os votos malufistas são muito bem-vindos. Mas daí até extrapolar para o (lado) eleitoral... O malufismo é nosso inimigo público número um. Sem ele, o PSDB não existe", declarou Kobayashi.
Em sua opinião, a irritação da "Juventude" corresponde ao sentimento das bases em relação ao encontro. "Está sintonizada no sentido de querer bater no presidente, mas com ternura. Afinal, ele é nosso líder."
"Isso é coisa de jovem. Reconheço que há uma certa insatisfação. A bancada federal também não gostou, mas isso não corresponde à realidade", afirmou o deputado federal Arnaldo Madeira sobre a faixa.
Para ele, Maluf tem uma "rejeição merecida". "Ele representa tudo o que combatemos. O fato de o presidente receber o cidadão no dia da privatização da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) só agrava o fato."

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