São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Brasília lembra tempo dos pacotes antiinflação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica viveu um fim-de-semana típico dos tempos em que o governo era obrigado a fechar um pacote econômico a toque de caixa para conter a escalada da inflação.
A maratona de reuniões começou no sábado às 8h50 e continuava ontem à tarde no Palácio da Alvorada, onde os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Antonio Kandir (Planejamento) estavam apresentando as medidas ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
O clima de pacote econômico em Brasília levou o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) a dizer que o governo não estava elaborando um "Plano Real 2". Ao chegar ao Ministério da Fazenda ontem de manhã, Carvalho disse: "Não tem Plano Real 2".
Antes, o ministro Kandir já havia dito que o governo estava trabalhando há dez dias em "várias alternativas técnicas" para tornar a economia brasileira "mais segura e robusta".
As reuniões de última hora alteraram as agendas de alguns dos assessores de FHC.
O presidente do Banco Central, Gustavo Franco, chegou do Rio de Janeiro na manhã de ontem e foi direto para o prédio do BC. Os técnicos de sua equipe que estavam fora de Brasília também foram convocados para trabalhar.
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, teve que antecipar para ontem seu retorno da Espanha, onde participava de um seminário. Kandir, que estava em São Paulo desde a tarde de sexta, retornou para Brasília no sábado.
O próprio presidente FHC alterou sua agenda, retornando um dia antes da Venezuela para fechar o pacote de medidas fiscais antes da chegada a Brasília do colega argentino Carlos Menem.
Os trabalhos do sábado foram divididos entre os ministérios do Planejamento e da Fazenda. A equipe de Malan ficou responsável por discutir as propostas solicitadas dos outros ministérios.
Técnicos da Receita Federal trabalharam para estudar as mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, Imposto sobre Produtos Industrializados e redução dos incentivos fiscais.
A equipe de Kandir cuidou dos cortes no Orçamento para este ano e para 1998 e ficou responsável pelas conversas com diretores de empresas estatais para saber quais gastos poderão ser cortados.
As reuniões no Banco Central começaram na manhã de ontem com a chegada na cidade de Gustavo Franco, por volta das 10h45.
Acompanhado de seu consultor Márcio Cartier, Franco procurava se esconder no banco de trás do carro oficial que o trazia ao edifício do Banco Central.
No BC, ele se reuniu com as equipes dos departamentos de Normas, Jurídico e de Operações das Reservas Internacionais.
Os diretores de Assuntos Internacionais, Demósthenes Madureira de Pinho Neto, de Política Econômica e Monetária, Francisco Lopes, e o chefe do Departamento Econômico, Altamir Lopes, também participaram das reuniões de ontem.
A assessoria de imprensa do Banco Central explicou que os técnicos estavam de plantão para avaliar as medidas que estavam sendo estudadas pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Ou seja: não deveriam sair medidas de caráter financeiro, como novas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras.
No Ministério da Fazenda, as reuniões já haviam começado por volta das 9h, chefiadas pelo secretário-executivo, Pedro Parente.
O Ministério da Fazenda, ontem, se transformou no quartel-general da equipe econômica.
Além da equipe de Malan, estiveram na Fazenda Kandir, Carvalho, André Lara Resende (um dos mentores do Real e assessor da Presidência) e Franco.
Fizeram uma rápida refeição no próprio ministério, que terminou por volta das 15h. Na sequência, Malan, Kandir e Franco foram para o Alvorada.

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