São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Congresso deverá ter reação adversa

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), imaginam que haverá algum tipo de reação adversa ao governo no Congresso hoje, no momento em que o pacote fiscal for anunciado.
Na opinião de Temer e de ACM, essa reação poderá ser contornada na medida em que o presidente Fernando Henrique Cardoso explicar detalhadamente o pacote.
"Eu acho que a primeira reação dos parlamentares tende a ser negativa. Mas isso pode ser revertido quando todos perceberem que tudo é necessário para preservar a estabilidade da moeda", diz Temer.
ACM tem opinião semelhante. Avalia que um eventual aumento de impostos será mal recebido. "Mas tudo depende da apresentação política das medidas", diz.
Os presidentes da Câmara e do Senado estavam em seus Estados ontem. Previam voltar a Brasília apenas no dia de hoje.
Até o final da tarde de ontem, Temer e ACM não conheciam detalhes das medidas que serão anunciadas hoje. Aguardavam algum comunicado à noite.
"Nessas horas, saber demais pode ser até ruim", disse ACM à Folha, por telefone a partir de sua casa em Salvador (BA).
"Quero conhecer antes para depois julgar", disse o senador. Mesmo assim, ACM adiantou que considera um erro o possível aumento da alíquota da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira). "Trata-se de algo provisório e imagino que não seria conveniente", afirmou.
Michel Temer, que atendeu a Folha por telefone em São Paulo, citou entre as medidas que podem ser malvistas pelo Congresso a eventual demissão de funcionários públicos não estáveis.
"Demissões neste momento causariam um agravamento do desemprego. E isso é difícil de defender", disse Temer.
O presidente da Câmara elogiou, entretanto, o fato de FHC ter adiantado já na semana passada que um pacote fiscal viria hoje.
"O presidente havia me dito, na quinta-feira, que algo mais estava para ser anunciado. Não estamos a espera de algo preparado da noite para o dia. O momento é grave e a equipe econômica está trabalhando", afirmou.
Até ontem, antes de conhecer tudo o que seria anunciado, Temer afirmou ter detectado um clima "melhor" para votar a reforma administrativa. Pelos seus cálculos, nesta semana será encerrada a votação do primeiro turno e no dia 19, seria votado o segundo.

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