São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Cesp avança para reduzir endividamento

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Cesp deu um largo passo na semana passada para reduzir o seu elevado endividamento, calculado em torno de R$ 9 bilhões, com o sucesso da privatização da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
Como o controle do governo paulista sobre a CPFL se dava por meio da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), a empresa engordará o caixa e poderá abater boa porção da sua dívida.
Segundo cálculos do analista do Banco Bozano, Simonsen, Alexandre Fernandes, a Cesp registrará um lucro líquido resultante da venda das ações da CPFL de R$ 1,8 bilhão.
O total arrecadado com a venda das suas ações ordinárias da CPFL deverá ser de R$ 3,178 bilhões (incluindo a porção leiloada mais o percentual que deve ir para as mãos dos funcionários da CPFL).
Como as ações vendidas estão contabilizadas por algo em torno de R$ 800 milhões, equivalente ao seu valor patrimonial, o lucro bruto será de R$ 2,4 bilhões.
O bom resultado obtido com a venda da CPFL, do qual chegou-se a duvidar em função da crise financeira, reforçou a recomendação de compra que os papéis já vinham recebendo.
"Quanto maior o ágio na venda da CPFL, melhor seria para o abatimento da dívida da Cesp. O resultado foi muito positivo", diz a analista da Corretora Fator, Isabel Bresser, que já recomendava a compra das ações da Cesp.
O Unibanco tem Cesp ON na sua lista de "stock pick", ou seja, recomenda compra agressiva das ações da companhia. O banco calcula que o preço ideal da ação é US$ 91,00 por lote de mil.
Na última sexta-feira, o papel estava cotado a US$ 55,76. Ou seja, a valorização nos próximos 12 meses, segundo o Unibanco, supera os 60%.
Alexandre Fernandes, do Bozano, é mais conservador. "O papel pode subir 40%. Seu preço justo está longe, mas há opções mais baratas ainda", diz ele, citando as ações da Cemig como opção melhor.
Cemig também integra a lista de "stock pick" do setor elétrico do Unibanco, juntamente com Eletrobrás, Coelce e Ligth.
Mais abatimentos
A origem do endividamento da Cesp está na tomada de recursos junto a bancos nacionais e estrangeiros para a construção de hidrelétricas.
A Cesp dispõe ainda de outros ativos para vender, e a expectativa é de uma redução ainda mais profunda do seu endividamento.
"Depois de vender os ativos possíveis, a Cesp deverá ficar com um endividamento de R$ 3 bilhões. Será uma empresa bem saneada para ser privatizada", diz Alexandre Fernandes.
Na avaliação do Unibanco, a venda da parte de distribuição da Cesp deverá render entre R$ 2,2 bilhões e R$ 3 bilhões, um negócio tão bom quanto a CPFL.
O controle da Comgás, segundo o Unibanco, poderia render mais R$ 1,5 bilhão.
Outros R$ 330 milhões são esperados a partir da venda das usinas da Bacia do Rio Pardo.
Em relação à venda da parte de geração da Cesp, a mais esperada, os analistas se dividem quanto às previsões. Alguns aposta, que sai ainda em 98, outros dizem que apenas em 99, depois das eleições.

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