São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Mendoza é dádiva da cordilheira dos Andes

CÉSAR SARTORELLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se o Egito é uma dádiva do Nilo, Mendoza é dos Andes.
São as geleiras que dão origem aos rios Mendoza e Tunuyan, os quais -desde os tempos dos verdadeiros donos da região, os índios- eram desviados para canais de irrigação.
O clima é semi-árido, com pouquíssima chuva, traduzida em tempestades memoráveis quando as nuvens conseguem ultrapassar a cordilheira dos Andes.
Os espanhóis chegaram à região em 2 de março de 1561, data da primeira fundação da cidade, que teria uma segunda data, em 24 de março de 1562, quando a deslocaram para uma área a "dois tiros de arcabuz" do primeiro local.
Contando hoje com 700 mil habitantes, tomou sua forma atual depois do terremoto de 1861, que a arrasou. Seu traçado é um imenso reticulado xadrez.
Quase todas as ruas possuem árvores e canaletes rentes à calçada, por onde passa a água.
O panorama local se completa com várias praças e o imenso parque San Martín, com direito a lago e clubes com piscinas.
Toda essa sombra irrigada, somada ao cinturão verde, criou um microclima similar a um oásis no meio do deserto.
Mesmo assim, a cidade é muito quente e sequíssima durante o verão, tornando imprescindíveis alguns litros de água para quem se aventura a circular a pé.
Interior paulista
A cidade é plana, com trânsito fluente, bons serviços de ônibus e táxi. É limpíssima e lembra uma cidade média do interior paulista.
Sua ocupação é extremamente densa, com casas e edifícios sem recuos laterais ou frontais, tanto no centro quanto nos bairros.
As calçadas e praças são um capítulo à parte porque são revestidas com ladrilhos ou cerâmica. Os desenhos são variados.
No centro, as calçadas se alargam e são recheadas com mesas de restaurantes e cafés. Apesar disso, há boa sobra de espaço para a circulação dos pedestres.
Fora da cidade, na direção leste, existe uma planície semi-árida que se transforma em pampa quando a umidade aumenta.
Para oeste, a pré-cordilheira é recheada de pequenos cactos, além de montanhas e colinas baixas.
Um pouco mais adiante, aparecem as montanhas mais altas, onde pedra e areia, em várias cores, compõem uma paisagem que termina nas geleiras eternas mais ao alto, como as do Aconcágua.
Há cerca de 20 anos, Mendoza vem se desenvolvendo em função dos vinhos, que, junto com a paisagem natural que a cerca, a tornaram uma capital turística da região, ponto de parada para esquiadores, alpinistas e andarilhos que se aventuram por suas montanhas.

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