São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Para PFL, Plano Real 'caiu na vala comum'

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL, maior partido da base de sustentação do presidente Fernando Henrique Cardoso, avaliou que o pacote de medidas anunciado pelo governo na segunda-feira passada igualou o Plano Real aos planos econômicos dos governos passados.
"O Plano Real caiu na vala comum. É como se fosse um plano a mais", afirmou o senador José Agripino (PFL-RN), segundo vice-presidente do partido.
Na avaliação pefelista, a população não identificava o Plano Real como um pacote de medidas, distinguindo-o de outros planos econômicos que não deram certo. Por esse motivo, detinha mais credibilidade do que os anteriores.
A avaliação foi feita durante reunião da Executiva do PFL e, posteriormente, em um almoço da cúpula do partido, incluindo o vice-presidente Marco Maciel, na casa do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Os pefelistas avaliaram que houve um erro estratégico do governo ao anunciar as medidas em forma de pacote, misturando itens que poderiam ter repercussão positiva com medidas impopulares, como o aumento no Imposto de Renda da Pessoa Física e no preço dos combustíveis.
Segundo essa análise, houve mais preocupação com a repercussão internacional das medidas do que com o impacto interno.
"A população só se lembra do aumento no Imposto de Renda e nos preços dos combustíveis e do aumento do desemprego", afirmou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
A avaliação dos pefelistas foi feita com base em pesquisas de opinião sobre as medidas adotadas pelo governo. Eles analisaram a pesquisa Datafolha, realizada em São Paulo, e a do instituto Vox Populi, feita em 25 Estados.
A crítica dos pefelistas também atingiu a forma de divulgação. "Houve exagero. Lembrou o anúncio do Plano Collor", disse Agripino. "Fiquei com medo que a câmera da TV abrisse e aparecesse a Zélia ao lado do Kandir (Antonio Kandir, ministro do Planejamento)", afirmou o deputado Saulo Queiroz (PFL-MS).
O deputado referia-se à ministra do governo Fernando Collor (90-92), Zélia Cardoso de Mello. Na época de Zélia, Kandir era secretário da Política Econômica.
O partido começou ontem mesmo a procurar alternativas para tentar evitar o impacto da repercussão negativa do pacote nas urnas nas próximas eleições.
"O PFL pode capitalizar, porque foi o primeiro partido a se insurgir contra o aumento do Imposto de Renda", argumentou Inocêncio.

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