São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997 |
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CUT prepara greve geral contra pacote
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A CUT (Central Única dos Trabalhadores) organiza greve geral contra o pacote fiscal do governo. Ontem, a entidade realizou um ato de protesto em Brasília."A greve é inevitável. Estamos preparando o movimento nos Estados. A direção nacional da CUT vai avaliar em dezembro nossa organização", disse José Zunga, presidente da CUT-DF. Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT, afirmou que a decisão sobre a realização da greve sairá na primeira semana de dezembro, durante reunião da direção da entidade. "Se tivermos que fazer a greve geral para termos empregos e condições melhores de vida, nós vamos fazer", afirmou. Os servidores públicos federais decidiram ontem em assembléia realizar greve até o fim deste mês. Ismael Cesar, diretor do sindicato dos servidores do Distrito Federal, disse que os funcionários vão ocupar os órgãos onde houver demissão de não estáveis. A CUT e os servidores fizeram ontem uma carreata na Esplanada dos Ministérios contra o pacote. A manifestação passou pelo Congresso, pelo Palácio do Planalto e terminou num ato em frente ao Ministério da Fazenda. Lá, sindicalistas queimaram pacotes com as fotos dos ministros Pedro Malan (Fazenda) e Antonio Kandir (Planejamento), em frente a um cordão de isolamento de cem policiais. A carreata, na avaliação da Polícia Militar, reuniu 400 veículos (carros e ônibus) e 800 pessoas a pé. Os organizadores calcularam em 2.000 os manifestantes. A Esplanada dos Ministérios chegou a ser fechada por eles. O ato esvaziou quando chegou ao Ministério da Fazenda. Cerca de 300 pessoas (segundo a PM) se concentraram no local. "O ato foi maior do que esperávamos. O pacote do governo ajudou a manifestação", disse Zunga. O protesto foi convocado pela CUT antes das medidas fiscais. Os manifestantes levavam bandeiras da CUT, xingavam o presidente Fernando Henrique Cardoso e faziam campanha para a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. "Não podemos permitir que o chupa-cabra Fernando Henrique Cardoso chupe nosso povo", discursou Vicentinho. "Esse pacote é uma bomba atômica seletiva, atinge uns e salva outros", disse o sindicalista. Demissões Dentro de dez dias o governo definirá os critérios para a demissão de 33 mil funcionários públicos. A previsão é que eles sejam demitidos a partir de janeiro de 98. Serão poupados os que têm funções essenciais. Os critérios serão divulgados em duas etapas. Primeiro, em decreto assinado por Fernando Henrique Cardoso até a próxima semana e depois em portarias do Ministério da Administração. O ministro Bresser Pereira afirmou que o governo terá "muito cuidado" para definir os critérios para demissão, pois o objetivo é "garantir o bom desempenho do funcionalismo" e evitar que uma "pequena minoria desmoralize" a categoria. Segundo o ministério, serão demitidos apenas os servidores não estáveis (admitidos sem concurso público) e que não colocam em risco áreas essenciais como saúde, educação e reforma agrária. De acordo com o ministério, 60% dos 33 mil demitidos serão funcionários de apoio -motoristas, faxineiros, auxiliares e assistentes- e aposentados que não se recadastraram. Os demitidos receberão indenizações. Segundo o ministério, vai ser pago um salário mínimo para cada ano trabalhado. A proposta de indenizar os demitidos foi sugerida no projeto de reforma do Estado definido por FHC no começo do seu mandato. Segundo o ministério, as demissões obedecerão aos critérios estabelecidos no projeto de reforma do Estado para assegurar os interesses da União e preservar as atividades básicas. Bresser Pereira negou que a demissão dos funcionários aumente os índices de desemprego. "Pode até ter, no curto prazo, mas no médio prazo vai voltar a estabilidade." Texto Anterior: Para indústria, juro alto por mais de 6 meses anula efeito de pacote Próximo Texto: Medidas não cobrem aumento com dívida Índice |
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