São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Medidas não cobrem aumento com dívida

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pacote do governo é insuficiente para cobrir o aumento da despesa com o pagamento de juros da dívida interna, diz estudo da Assessoria de Orçamento da Câmara dos Deputados e da Consultoria de Orçamentos do Senado.
Segundo projeções, o aumento da despesa com juros sobre o total da dívida interna será de pelo menos R$ 20,5 bilhões em 12 meses, o equivalente a 2,5% do PIB.
A estimativa trabalha com um cenário de rápida redução da taxa de juros, capaz de retornar a TBC (Taxa Básica do Banco Central) ao patamar de 1,58% ao mês até junho. A TBC passou de 1,58% ao mês para 3,05% ao mês no dia 30 de outubro. O BC já sinalizou que a taxa não ficará abaixo de 3,05%, pelo menos até fevereiro.
Outra projeção da despesa com juros foi feita considerando-se um cenário de redução mais lenta da taxa de juros, retornando ao patamar de 1,58% até dezembro de 98.
Nesse caso, a estimativa é que a despesa com juros sobre a dívida interna subiria R$ 27,2 bilhões (3,5% do PIB), passando de R$ 43,1 bilhões para R$ 70,3 bilhões.
A despesa com o pagamento de juros, considerando-se uma redução mais lenta da taxa, chegaria ao final de 12 meses a 8,4% do PIB.
O maior impacto será sobre a dívida do governo central (governo federal e BC), que aumentaria R$ 9,5 bilhões com uma queda mais rápida da TBC ou R$ 14,9 bilhões, com uma redução mais lenta.
No caso dos Estados e municípios, o aumento da despesa com juros oscilaria de R$ 9,3 bilhões a R$ 10,6 bilhões. O BC aumentou os juros em 30 de outubro para tentar contornar a saída de investidores do país depois do crash das Bolsas.
O trabalho informa que o pacote fiscal permitirá à União cobrir seu "novo" déficit operacional sem recorrer à emissão de títulos.
Diz que, se forem feitas as privatizações previstas, os juros adicionais da União poderão ser pagos sem aumento substancial do estoque da dívida líquida. O estudo foi feito com base nas Informações Econômicas do BC de agosto, considerando taxas incidentes sobre os papéis da dívida das diferentes áreas do setor público.

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