São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Herbert Vianna tira seu solo da gaveta

LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

"Santorini Blues" hibernou durante mais de um ano na gaveta. Feito durante dois dias de folga em junho de 1996, nos intervalos de gravação de "Nove Luas", em Los Angeles, só agora o segundo disco solo do guitarrista Herbert Vianna é lançado.
E disco solo poucas vezes teve tanta razão de ser quanto em "Santorini Blues". Herbert toca todos os instrumentos, inclusive bandolim, piano e baixo. Por força das circunstâncias.
"Não me considero um excelente baixista. Pianista, então, nem pensar", confessa Herbert. "Mas é legal lançar coisas que não sejam perfeitas", diz.
Acostumado a gravar esboços em seu estúdio caseiro, o guitarrista teve vontade de aproveitar o tempo livre em Los Angeles.
O diretor da gravadora, João Augusto, arranjou o estúdio e o engenheiro de som Jerry Napier, um "velho louco" -segundo Herbert-, que tem no currículo colaborações com Neil Young, Beach Boys e Phil Spector.
Com Napier, um amante da música low tech, Herbert pôde fazer um disco menos "produzido".
Napier costuma arranjar equipamento em estúdios velhos que estão se desfazendo de material antigo, como módulos de equalização a válvula.
Para Herbert, que fez um disco essencialmente acústico, Napier alugou um violão Martin que custava US$ 19 mil. "Existem alguns, feitos antes da Segunda Guerra Mundial, que valem US$ 100 mil", jura Herbert.
"É legal ouvir um disco tão descarnado, tão esquálido, em um momento em que a produção caminha para o outro lado", afirma.
"Tem que ter imperfeição. Sinto falta de uma sujeira ou de um erro ou outro."
Herbert cita o disco "Os Grãos" como um trabalho em que as músicas passaram do tempo por excesso de produção.
Chile
A idéia do disco surgiu por acaso, com a música "Dos Margaritas", que Herbert foi obrigado a tocar quando lhe jogaram um violão em cima em um programa de rádio chileno. O improviso, inspirado na versão que Zizi Possi fez de "Meu Erro", chegou ao primeiro lugar na Rock & Pop, a tal rádio.
Herbert foi juntando outras músicas: entre elas outras duas versões de músicas dos Paralamas ("Uns Dias" e "A Pólvora"; uma de Eric Clapton e Ronnie Lane ("Annie"); uma de Fito Paez ("Por Siete Vidas"); e algumas inéditas (como "Luca", para o filho, e "Round And Round", em inglês). A parceria com Paula Toller e George Israel em "A Palavra Certa" vai virar clipe de animação.
Férias na Grécia
O nome do disco teve uma razão simples. "Sempre quis fazer algo que tivesse blues no título", conta Herbert. Conseguiu, mas não com o blues pretendido.
O título do disco, e as fotos, foram tiradas de Santorini, Grécia, para onde ele viajou no ano passado com a família. E o blues se refere ao azul da ilha.

O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite da gravadora EMI.

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