São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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'Santorini Blues' tem ar de álbum inacabado

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DO ENVIADO ESPECIAL

"Santorini Blues" é um disco sem pretensão. Com todos os defeitos e qualidades que isso representa.
A qualidade maior é não querer fazer nada modernoso, inventar algo ou se propôr a ser o pioneiro de o que quer que seja em um momento em que até o grupo É o Tchan tem pretensões -chegaram a dizer que são responsáveis por tornar conhecida a dança do ventre...
"Santorini Blues" não "trabalha conceitos" ou qualquer coisa do gênero. Talvez dois dias não sejam suficientes para a formulação de um conceito...
Mas essa ausência de ambições é boa em um momento em que qualquer produto fonográfico vem embalado por uma superprodução.
Até por isso, o disco é gostoso de ouvir, mas não é arrebatador. Nem poderia ser, já que não almeja a tanto.
Essencialmente acústico, o CD foi feito para tocar como fundo enquanto a rede balança. Ao menos em "Round And Round", com seus vocais assumidamente inspirados nos Beach Boys.
Mas a rede também pode ser embalada por "Annie", de Eric Clapton e Ronnie Lane, ou por "Tweety".
E é exatamente a instrumental "Tweety" o melhor exemplo da falta de ambição do disco. Ótimo guitarrista, Herbert optou por compôr uma música climática, sem solos ou maiores dificuldades técnicas.
Duas das músicas podem ser ouvidas nos shows da turnê atual dos Paralamas.
Bi Ribeiro e João Barone gostaram de "Uns Dias" e "Pólvora" e incluíram as duas no set acústico que vem sendo feito no meio das apresentações.
No disco, "Pólvora" surge com um interessante arranjo com seis bandolins construindo uma parede sonora à la Jimmy Page.
As outras conhecidas também vêm com boas roupagens. É o caso de "Dos Margaritas", que foi o mote do disco e abre o álbum.
Já gravada por Fernanda Abreu, a ótima "Speed Racer" tem uma levada bem parecida. Ambas reforçam a imagem de que o CD é um disco de violão.
Por vezes, "Santorini Blues" tem um ar de inacabado. Intencional, segundo Herbert, que acredita que "um disco não se termina, é abandonado".
(LAR)

Disco: Santorini Blues
Artista: Herbert Vianna
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 18, em média

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