São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Houve benfeitoria, diz empresa

BERNARDINO FURTADO
DO ENVIADO ESPECIAL

Alberto Monteiro, diretor do grupo Meira Lins, diz que o valor da indenização da fazenda Promasa decorre da valorização natural dos imóveis no decorrer do tempo.
Na sua avaliação, se o Estado do Maranhão vendeu as terras barato, é porque, na época, elas não tinham o valor de mercado que atualmente têm, por causa do desenvolvimento da região.
Monteiro acrescentou, sem dar cifras exatas, que a empresa Promasa fez grandes investimentos em benfeitorias, mas não soube explicar por que elas representaram apenas um terço do valor total da indenização proposta pelo Incra para o imóvel.
Arthur de Almeida Monteiro Filho, diretor da Cacique Agropecuária do Maranhão S/A, alega que a empresa comprou do Estado do Maranhão "terra bruta", o que explicaria o baixo valor do negócio.
Segundo ele, as fazendas Cacique e Tucumã foram consideradas improdutivas pelo Incra porque a exploração econômica dos imóveis ficou inviável a partir da primeira invasão por posseiros, em 1986.
"Decidimos, na época, arrendar a extração de madeira e desativar a pecuária nas fazendas."
O diretor da Cacique afirma que a empresa vai continuar buscando na Justiça a indenização adequada pelas florestas, mesmo reconhecendo que elas faziam parte da terra bruta comprada do Estado do Maranhão.
Segundo Monteiro Filho, a empresa não está satisfeita nem mesmo com o valor do laudo do perito judicial Gracho Bolivar Pinheiro. Sobre a avaliação do Incra, Monteiro Filho é taxativo: "O papel do Incra é desvalorizar ao máximo o patrimônio alheio".
Walfrido Marques, dono da Wam Assessoria e Consultoria Tributária Ltda., disse que não revelaria o valor da compra da Faísa em entrevista por telefone.
Ele afirmou que a oportunidade de comprar a fazenda foi dada pela decisão do grupo farmacêutico Merck de transferir para outra região a produção de jaborandi (usado na elaboração de xampus).
"A Merck fez grandes investimentos na fazenda, e pretendíamos montar um centro de sêmen. O problema é que, assim que assumimos a fazenda, em 94, ela foi invadida. O valor da indenização proposta pelo Incra é irrisório. Esperávamos pelo menos R$ 200 por hectare, e o Incra propôs pouco mais de R$ 100."
A Folha tentou ouvir a Varig e o grupo Edson Queiroz sobre as desapropriações das fazendas Rubem Berta e Flomasa, respectivamente.
A assessoria de comunicação da Varig, sediada no Rio, disse que o assunto deveria ser tratado com a diretoria da Seletto Comércio e Indústria de Alimentos, subsidiária da companhia com sede em Recife.
A Folha ligou várias vezes para a Seletto, nos dias 6, 7, 10 e 11 últimos. Em todas essas oportunidades, foi informada pela secretária da diretoria -que se identificou como Nina- de que a única pessoa autorizada a dar entrevista, o presidente da empresa, Marcel Barros, estava em reuniões fora da empresa e não poderia atender.
Na sede do Grupo Edson Queiroz, em Fortaleza (CE), procurado pela Folha nos dias 7, 10 e 11, o superintendente da Divisão Agropecuária do grupo Henrique Braga prometeu marcar uma entrevista com o diretor responsável, mas não ligou de volta.
(BF)

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