São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Associação quer dar vida maior

DA REVISTA DA FOLHA

"Alguém precisa se mexer." Com esse slogan, a Associação Cruz Verde está tentando obter ajuda financeira para a sua casa, que atende 206 crianças com paralisia cerebral. Lá, elas recebem cuidados médicos, além de roupas, comida e afeto.
"Nosso principal intuito é melhorar a qualidade de vida dessas crianças e prolongá-la. Sabemos que a doença é irrecuperável, mas, com tratamento adequado, conseguimos ter pacientes que chegam aos 36, 40 anos", afirma Marilena Esposito, administradora do hospital.
A entidade, filantrópica, vive de recursos dos doadores associados, do bazar permanente e da doação de alimentos.
"O hospital está sempre precisando de recursos. Há muitas crianças na fila de espera, já que a maioria que entra aqui só sai por óbito", diz Marilena.
O atendimento de voluntários é difícil. "As crianças precisam de enfermeiras 24 horas para alimentá-las, lavá-las, dar remédios, colocar sondas e aspiradores, já que são totalmente dependentes. Além disso, pouca gente aguenta trabalhar com portadores de paralisia cerebral, porque não há aquele retorno de ver o paciente sarar."
A doença, que pode ter várias causas, atinge a criança no útero, durante o parto ou nos primeiros dias de vida. Entre as causas pré-natais, estão hemorragias da mãe, descolamento prematuro da placenta, doenças infecciosas como rubéola e mau posicionamento do cordão umbilical. Os pacientes mais graves não falam, não têm controle motor nem se alimentam sozinhos.
Apesar disso, a professora Clélia Mendonça Sica, 47, há sete anos voluntária na escolinha da Cruz Verde, diz que "as crianças transmitem muita força, alegria e vontade de compartilhar".
"Começamos a ensinar o alfabeto sem nenhuma pretensão, mas estamos sendo surpreendidas. Algumas conseguem até formar palavras", diz.

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