São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Eles mantêm o charme nestes tempos bicudos

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Viajar para Nova York ou Paris, trocar o carro importado e patrocinar uma ceia de Babette para toda a família. Não vai dar mais? Então, não perca a classe -nem o humor- se o pacote fiscal lhe fez mudar os planos do final de ano.
Há sempre um jeitinho de cortar gastos e não lamentar que aquela Dom Pérignon vai ficar para o ano que vem -afinal, o IPI das bebidas importadas subiu 10%.
O empresário Hosmilton Luiz Lucena Costa, 35, cancelou o plano de trocar seu Taurus, ano 95, e sua Toyota Celica, ano 93, por um Audi ou uma Cherokee, ano 98.
"Estava escolhendo o modelo. Mas adiei a compra e investi nos carros que tenho na garagem."
Na semana passada, ele levou o Taurus para a Parts & Peças, oficina especializada em importados, trocou algumas peças e cuidou da aparência do veículo. "Tem uma cera que deixa o carro novo."
Mário Sérgio Portella, 35, que tem uma empresa de prestação de serviços, apostou na criatividade para poder continuar com o seu hobby: correr na Fórmula Fiat.
Para bancar os R$ 13 mil gastos em cada prova -e não inteiramente bancados pelo patrocinador principal-, ele decidiu dividir as cotas entre restaurantes dos Jardins (um dos points de São Paulo).
"Vinte restaurantes concorrentes entre si estão me patrocinando. Quando a situação aperta, é preciso usar a imaginação."
Outros executivos refizeram planos de passar o fim de ano no exterior. "A Disney das crianças vai ficar para depois", diz Hilton Kutscka, 50, dono da agência KQ&B.
Ele conta que, logo após a alta dos juros, a piscina da casa rachou. "Cheguei a pensar em não arrumá-la." Acabou consertando, pois o orçamento não era tão caro: R$ 800, e não os R$ 3.000 imaginados.
Kutscha dá outras dicas: trocou o Gatorade pela Coca-Cola e vai deixar de comprar os queijos importados."Vou experimentar os similares nacionais."
Na mesma linha, José Mario de Souza Campos, sócio da Spectaculum, empresa de eventos culturais, diz que a saída é eleger prioridades.
"Não corto a programação cultural, mas pesquiso o preço dos estacionamentos." Ele também está evitando os jantares em restaurantes: "é um assalto a mão armada".
E, para aqueles que querem consumir cultura, uma dica é aproveitar o Balé da Cidade de São Paulo, no Theatro Municipal. O ingresso mais caro custa R$ 8. Uma pechincha para quem gosta de cultura.

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