São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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8 ou 80

RODRIGO BUENO

É normal, embora seja estranho, que pessoas tenham posturas rigorosamente iguais em relação a algo. É estranho, embora seja normal, que pessoas tenham posturas radicalmente opostas em relação a algo.
O Mundial interclubes, disputado anualmente pelo vencedores da Libertadores e da Copa dos Campeões, é encarado por sul-americanos e europeus de modo bem distinto, e reproduz essa linha de pensamento.
Na América, os clubes se preparam para este único jogo como se fossem defender as vidas.
O Cruzeiro, representante do continente neste ano, dá provas disso. Aproveitando-se do fato de a Fifa não reconhecer a competição, inscreveu em seu time selecionáveis como Bebeto, Donizete e Gonçalves. Tenta ainda aproveitar Palhinha no jogo.
Na Europa, os clubes se preparam para este jogo como se fossem defender as vidas dos meiões de seus atletas.
O Borussia Dortmund, representante do continente, dá provas disso. O clube alemão está só interessado em manter a liderança de sua chave na Copa dos Campeões e melhorar a posição no campeonato nacional.
Desde o início do Mundial, esse quadro já se fez presente.
Nos anos 60, mesmo os grandes times sul-americanos, como o Santos, usavam de todos os artifícios (alguns nada esportivos) para conseguir êxito.
Nos anos 70, mesmo grandes times europeus, como Ajax e Liverpool, boicotaram o Mundial, abdicando da conquista.
Nos anos 80, a disputa foi para o Japão, e o cenário não mudou, mesmo estando Tóquio mais próxima da Europa do que da América do Sul.
Enquanto sul-americanos poupam jogadores para o Mundial e treinam especialmente para o jogo, europeus chegam ao Japão na véspera da partida, muitas vezes sem suas estrelas.
Dia 2 de dezembro, o Cruzeiro, jogará o Mundial querendo um 80, e o Borussia jogará a Copa Toyota cogitando um 8.

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