São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Morar no centro era sinal de sofisticação

DA REPORTAGEM LOCAL

A história dos centros das cidades sempre esteve associada a elegância, glamour. As elites foram o público-alvo das construções. Em São Paulo, não foi diferente.
Segundo o arquiteto José Luiz Tabith, do Instituto de Arquitetos do Brasil e da Universidade Mackenzie, morar no centro da cidade era, além de muito sofisticado, prova de que se pertencia à elite da sociedade.
"Quanto mais próximo do centro se morava, maior o prestígio." Foi a partir desse conceito que desenvolveu-se a idéia de que os bairros de periferia, distantes, não eram nobres.
"Andar pelo calçadão e pelos jardins do centro e poder ir ao Teatro Municipal à pé eram um privilégio e provavam a elegância da região", diz Tabith.
A verticalização do centro de São Paulo aconteceu nas décadas de 40 e 50, seguindo os padrões de metragem de construção das casas da região, mas acrescentando a idéia de modernidade.
Por isso as construções da época eram amplas. Além disso, os edifícios misturavam o caráter comercial com o residencial.
O centro também foi construído com uma infra-estrutura completa.
"Moradores de outros bairros vinham para o centro para aproveitar os serviços, os restaurantes, os cinemas e teatros."
Para a arquitetura, segundo Tabith, o centro da cidade é o local mais rico de São Paulo. "Reúne grandes obras, inspiradas em diferentes escolas da arquitetura."
Mas, à medida que a cidade foi crescendo, o centro foi ficando deteriorado e sofreu a invasão do comércio e de escritórios.
Segundo o arquiteto, foi nessa época que bairros como Jardins, Itaim, Morumbi e Higienópolis entraram em alta.
"Eram bairros de caráter residencial que apareceram como opção para a elite."
Para Tabith, a década está sendo marcada pela retomada do centro. "A cidade está tentando se refazer no espaço antigo, aproveitando construções ociosas."

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