São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997 |
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Arturo Sandoval mostra seu jazz a SP
EDSON FRANCO
Em vez de basear o repertório em "Swinging" (seu último CD), ele faz um apanhado da carreira. Nesse disco, ele junta convidados como o baixista John Patitucci, o guitarrista Mike Stern e o também trompetista Clark Terry. Juntos, registraram um trabalho voltado para o jazz "mainstream". Quem for ao show vai ouvir algo próximo do que Sandoval registrou em "The Latin Train", seu disco de 95, ou seja, muito improviso -afinal o homem toca jazz- adornado por ritmos e harmonias com acento caribenho. Falando por telefone à Folha, de sua casa, em Miami, o trompetista lembrou sua infância pobre em Artemisa -onde nasceu em 6 de novembro de 1949-, subúrbio a 60 km de Havana, capital de Cuba. "Era um lugar de camponeses. O único tipo de música que eu ouvia era o son (estilo tradicional cubano executado por um septeto com trompetes e bongôs)." E os primeiros sopros de Sandoval no trompete foram para cultuar esse tipo de música. Ainda leigo sobre escrita e leitura musical, o trompetista se matriculou na Escola Nacional de Artes de Cuba aos 16 anos. "Não acredito que a escola de música seja a principal responsável pelo fato de Cuba ter tanta facilidade para gerar músicos talentosos. Somos como os brasileiros. A música é algo instintivo." Pouco antes de entrar na escola de música, Sandoval expôs seus ouvidos ao jazz. Por meio de um amigo, ele conheceu o bebop de Dizzy Gillespie e Charlie Parker. Em 1977, o trompetista teve a oportunidade de conhecer Gillespie, que excursionava pelo Caribe como o saxofonista Stan Getz. "Em meu carro, mostrei Havana para Gillespie. O engraçado é que ele não sabia que eu era músico e que tocava o mesmo instrumento que ele. Depois, chegamos até a gravar juntos." E foi em 1990, quando tocava na United Nation Orchestra, em Roma, que Sandoval pediu asilo político. Com a ajuda de Gillespie e do então vice-presidente norte-americano, Dan Quayle, Sandoval conseguiu se instalar em Miami. Com seu amor pela música de improviso avivado pelo primeiro contato com Gillespie, Sandoval juntou o saxofonista Paquito D'Rivera e o pianista Chucho Valdes. Juntos, formavam a base do Irakere. Não levou muito tempo para o grupo se tornar uma sensação mundial. Eles foram introduzidos ao mercado norte-americano em 1978, ano em que se apresentaram no Newport Jazz Festival. Dois anos depois, Sandoval deixou o grupo. "Queria exercitar meu lado de compositor e tocar coisas que não me eram possíveis executar dentro da banda." Depois, o trompetista passou a alternar discos em que visitava música cubana, de jazz mais tradicional e até de música erudita. Show: Arturo Sandoval Quando: hoje, 11h Onde: parque Ibirapuera - pça. da Paz (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, s/tel.) Quanto: entrada franca Quando: hoje, 19h Onde: Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 823-9611) Quanto: R$ 15 Texto Anterior: ESPAÇO; FILMES; TECNOLOGIA Próximo Texto: Masp dá adeus a um dos maiores gênios da Renascença Índice |
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