São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Sesc se despede da genialidade e modéstia de Flávio Império

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

"Não sou pintor, nem cenógrafo, nem professor, nem arquiteto; ando na contramão das profissões, sou só um curioso." Com essa frase, Flávio Império (1935-1985) dava conta de duas de suas características.
A primeira é uma modéstia ácida e sem fronteiras. A segunda, que só pode ser entendida a partir da primeira, é a sua genialidade em todas as "profissões" que enumerou não seguir.
A exposição "Flávio Império em Cena", que termina hoje no Sesc Pompéia, exibe a genialidade do artista sem fazer uso de sua modéstia.
Basta acompanhar seu cardápio, dividido em quatro blocos. Artes plásticas: mais de 150 obras, entre desenhos, gravuras, roupas, pinturas e tecidos. Cenografia e figurinos: mais de 600 desenhos de cenários, figurinos e maquetes animadas e 300 fotografias de cenas de peças. Cinema: telecinagem de filmes em super-8. A casa do artista: uma reprodução do ateliê de Império, no bairro da Bela Vista.
Dois pontos brilham no meio dessa galáxia de Império. A curiosidade foi realmente uma característica marcante do artista.
Como tal, costurava com louvor as culturas alta e popular. Com a mesma fluência, e isso pode ser visto no Sesc, trabalhava com padrões nordestinos ou com a fotografia e as idéias de Mao Tse-tung.
"Reprogramar os espaços repensando a cultura popular, a arquitetura do povo" era seu mote durante os 14 anos em que deu aulas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
A exposição no Sesc Pompéia, talvez o espaço mais "imperial" da arte nacional, se esmera em reproduzir a reprogramação espacial criada por Império. Ele certamente se orgulharia. Mas Império, o modesto, sempre assinalou que queria ser lembrado "apenas" como um pintor.

Exposição: Flávio Império em Cena
Quando: hoje, das 10h às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/871-7700)
Quanto: entrada franca

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