São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 1997 |
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Mais uma para a classe média
FERNANDO RODRIGUES Brasília - O governo está preparando mais uma para a classe média. O Conselho Nacional de Seguros se reúne hoje e pode aprovar um aumento no valor do seguro obrigatório dos carros.O seguro obrigatório custa R$ 37,66 por veículo. Você, leitor que tem um carro, já pagou essa taxa. Acontece que a Fenaseg (Federação Nacional das Seguradoras), a administradora do consórcio que faz o seguro obrigatório, considera o valor insuficiente. E quer um aumento de 25%. O preço iria para R$ 47,08. O seguro obrigatório arrecada perto de R$ 600 milhões por ano. Metade vai para o Sistema Único de Saúde. A outra parte é gasta com os segurados e custos das seguradoras. Morte ou invalidez permanente resultam numa indenização de R$ 5.000. Despesas médicas geram reembolso de R$ 1.200. Ocorre que nos últimos dois anos o número de indenizações pagas aumentou cerca de 80%. Isso aconteceu, entre outros motivos, porque aproveitadores se apropriaram do direito de segurados que simplesmente esqueciam de solicitar o benefício. Como resultado, as seguradoras que participam desse mercado viram seus lucros diminuírem. Hoje, devem receber uma boa notícia: terão o direito de aumentar o preço do seguro obrigatório em 25%, num ano em que a inflação ficará em torno de 5%. A decisão final é sempre do governo. Quem preside o conselho dessa área é o ministro da Fazenda, Pedro Malan. É dele a última palavra. Malan também deve receber uma proposta para liberar R$ 10 milhões para o setor de seguros fazer propaganda. O valor autorizado pelo ministro será uma boa indicação de como o governo está lidando com o corte de gastos que prega em público. Nessa história, o pior não é a alta do seguro obrigatório. O mais perverso é a área econômica do governo não propor alteração na lei que obriga os donos de automóveis a fazerem esse seguro vagabundo, impedindo a livre escolha. Quem deseja seguro melhor fica forçado a ter os dois -o empurrado pelo governo e o privado. É o fim. Texto Anterior: Cannabis brasiliensis Próximo Texto: Exemplo que não se cita Índice |
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