São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estado japonês assume a crise

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

É chegada a hora de socializar prejuízos. Essa parece a conclusão a que finalmente chegou o Estado japonês, depois de pelo menos três anos esperando que a recuperação econômica desse alento a credores e devedores encalacrados.
Outra explicação é a contaminação da Bolsa de Tóquio pela instabilidade dos países vizinhos. Os capitais estrangeiros começaram a abandonar o Japão exatamente no momento em que o governo planejava o "big bang", uma rodada de liberalização das instituições financeiras. Aliás, um dos objetivos dessa reforma seria fortalecer os bancos japoneses. Com a crise no Sudeste Asiático, a estratégia toda começava a ruir.
A entrada do Estado, criando um fundo que chegaria a US$ 64 bilhões, salvando depositantes e organizando o processo de fusões e aquisições, à moda do Proer brasileiro, pode diminuir a ansiedade e viabilizar o retorno dos capitais mais reticentes.
Algumas fusões já estão em andamento. É o caso do Long Term Credit Bank, cuja corretora vai fundir-se com a filial da SBC Warburg Dillon Read, instituição formada pelo Swiss Bank depois de comprar a britânica S.G. Warburg.
Esta é a lógica do "big bang": aumentar a internacionalização do sistema financeiro japonês como forma de lhe dar maior resistência. Ao mesmo tempo, o governo japonês promete acelerar sua reforma administrativa, além de anunciar cortes de empréstimos e de investimentos.
A crise é também uma fase de oportunidades. Cada vez mais empresas japonesas anunciam operações de "buyback", recomprando seus próprios papéis e aumentando os dividendos dos acionistas.

Texto Anterior: 'Proer' japonês inverte o crash global
Próximo Texto: Rudiger Dornbusch defende desvalorização de 15%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.