São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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Dissidente pede à China que liberte mais presos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um dia após ter chegado aos EUA graças à abrupta decisão do governo chinês de libertá-lo por razões médicas, o dissidente Wei Jingsheng escreveu ao presidente da China, Jiang Zemin, pedindo a libertação de outros defensores dos direitos humanos em seu país.
Wei, 47, continuava ontem internado no Hospital Henry Ford, para onde foi levado assim que chegou a Detroit, Michigan (Meio-Oeste dos EUA), no domingo. Ele só soube que seria libertado, após quase 18 anos de prisão, no sábado. Wei sofre de hipertensão e problemas cardíacos.
A Casa Branca, sede do governo dos EUA, embora tenha se recusado a reivindicar o mérito pela libertação de Wei, disse que o presidente Bill Clinton pessoalmente a encorajou. Clinton esteve com o presidente Jiang há duas semanas em Washington, onde tiveram uma conversa de 90 minutos a sós.
Um porta-voz da Casa Branca, Joe Lockhart, disse que Clinton está "desejoso" de se encontrar pessoalmente com Wei.
Wei foi um dos líderes do movimento que se tornou conhecido como "Muro da Democracia", em 1979. Eletricista e ex-soldado do Exército, era um dos jovens que produziam e distribuíam jornais clandestinos e colavam panfletos políticos em muros de Pequim.
Wei pediu a Jiang a libertação, entre outros, de Wang Dan, o segundo mais conhecido (depois do próprio Wei) dissidente chinês. Wei e Wang são citados há anos como candidatos ao Nobel da Paz.
Mas diversos analistas acham improvável que o governo da China faça novas libertações de dissidentes no futuro imediato.
O grupo Human Rights Watch disse em Nova York que a libertação de Wei não deve ser vista como uma mudança importante na política de direitos humanos na China.

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