São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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'Acabou o turismo', afirma egiptólogo

SÉRGIO DÁVILA
EDITOR DA ILUSTRADA

O egiptólogo Mahmoud Sadek é o líder informal entre os egípcios que trabalham com turismo em Luxor. Graduado na Universidade de Alexandria, mora no bairro de Nova Karnak, na margem oposta do Nilo à do templo em que ocorreram os assassinatos.
Representante do Ministério de Turismo egípcio, emprego que lhe rende cerca de US$ 30 por mês, Sadek falou à Folha por telefone ontem. Leia trechos da entrevista:
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Folha - Como a população local reagiu ao ataque?
Mahmoud Sadek - É o fim do turismo. A voz das ruas é: agora, acabou de vez o turismo no Egito. O povo está revoltado, é o nosso ganha-pão. Tão revoltado que um dos supostos terroristas foi morto pelos vendedores locais.
Folha - Por que "suposto"?
Sadek - Que grupo extremista é esse que não aparece? Por que todos os ataques supostamente terroristas dos últimos anos no Egito atingem só turistas? Quem tem interesse nisso?
Folha - Quem tem?
Sadek - Não se pode afirmar com certeza, mas dá o que pensar... O Egito é o maior pólo turístico entre os países árabes. É um dos maiores também dos países do Mediterrâneo. O que se diz é que os seis assassinos teriam sido pagos por governos interessados em diminuir o turismo no Egito.
É curioso e sintomático que todos os que participaram do atentado estejam mortos. Por que todos morreram? Como vamos saber agora a mando de quem eles estavam? Nesse momento, em que os mortos estão mortos, qualquer um pode assumir a autoria do atentado.

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