São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Direção do PT já descarta aliança com PSB

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT já se conformou em não ter o PSB na frente de esquerda que sustentaria a provável candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 98. Para compensar o desfalque, quer fechar o acordo com o PDT até o dia 13 de dezembro, data da convenção petista.
A direção petista não confirma publicamente, mas já recebeu sinais de que o PSB não vai apoiar a eventual candidatura de Lula no congresso dos socialistas, marcado para o final do mês.
A irritação dos caciques petistas com o PSB deve-se à sensação de que perderam tempo nas muitas conversas com os socialistas, que não vetam Lula formalmente, embora nos bastidores tentem articular saídas que evitem o endosso à candidatura do líder do PT.
O raciocínio hegemônico na cúpula do PT é que, para superar o baque de perder uma das estacas planejadas para o palanque, é preciso fechar um acordo eleitoral amplo com o brizolismo até a data da convenção do PT e, assim, criar um fato político relevante.
Leonel Brizola (PDT) exige, para apoiar Lula, que o PT banque a candidatura de Anthony Garotinho ao governo do Rio. Há resistência forte no petismo fluminense, mas José Dirceu (presidente nacional do PT) acredita que poderá "entregar a mercadoria" exigida por Brizola.
"Nós vamos convencer o PT a apoiar Garotinho e o impacto de uma aliança no Rio consolida a candidatura Lula", acha Dirceu.
O presidente do PT tentava ontem à tarde agendar reunião com o governador Miguel Arraes (PSB-PE) para pedir uma definição dos socialistas no final do mês. Trata-se mais de um jogo de cena no qual o PT quer deixar claro que não foi a indecisão de Lula que inviabilizou a coligação.
Com o PC do B, que também não quer se comprometer agora com Lula, a conversa ocorrerá amanhã. Os comunistas, porém, devem caminhar com o PT na eleição.
A ex-prefeita paulistana Luiza Erundina (PSB) criticou a possibilidade de seu partido fechar com o PT. "Estou mais para Ciro (PPS) do que para Lula", disse Erundina.
A ex-prefeita, no entanto, é hoje uma das vozes mais ouvidas nas reuniões da cúpula socialista.
Erundina descarta a hipótese de o PSB, em seu congresso do final do mês, aderir a qualquer candidatura. Disse que é cedo ainda para a definição.
Além de Ciro, Erundina citou o ministro do STF Sepúlveda Pertence e o prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro (PSB), como detentores do perfil que quer para uma candidatura do PSB.

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