São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Deputado pode ter aumento após aprovação de emenda

Salários de parlamentares podem ter reajuste de 59%

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A aprovação da reforma administrativa poderá render aos 513 deputados e 81 senadores um aumento de 59% nos contracheques, que elevaria o atual salário de R$ 8.000 para o novo teto salarial fixado pela reforma, equivalente hoje a R$ 12.720.
Para entrar em vigor, o aumento depende apenas de um projeto de lei. Líderes governistas que participaram ontem da negociação para aprovar a reforma administrativa afirmaram que o presidente Fernando Henrique Cardoso não se oporá ao reajuste, embora tenha o poder de vetá-lo.
A cúpula política do governo evitou formalizar um acordo de aumento dos salários em troca da aprovação da reforma.
Primeiro, porque um acordo desse tipo abalaria a imagem do Congresso e do governo. Segundo, porque tal aumento pode ser entendido como uma consequência "natural" da reforma.
A adequação dos salários ao novo teto significará R$ 4.720 por mês a mais no bolso de cada um dos parlamentares. Por mês, o custo adicional para os cofres públicos será de R$ 2,751 milhões. Por ano, o gasto extra será, no mínimo, de R$ 38,5 milhões.
Assim como os parlamentares, terão direito ao novo teto o próprio presidente da República e os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), integrantes da cúpula dos três Poderes.
O valor do teto equivale à maior remuneração paga atualmente a três ministros do STF.
O custo do reajuste é considerado pequeno diante da economia que o governo espera obter com a reforma administrativa. A mais recente conta apresentada pelo Ministério do Planejamento aponta economia de R$ 8 bilhões por ano.
A maior parte do ganho viria da possibilidade de demitir funcionários públicos que atualmente têm estabilidade no emprego, principalmente nos Estados e municípios, para reduzir o peso das folhas de salários a 60% da arrecadação de impostos.
O teto salarial responderia por uma economia anual de mais de R$ 200 milhões, segundo estimativa do governo. O Ministério da Administração não listou quantos funcionários ganham mais que o teto e poderão sofrer cortes nos salários ou aposentadorias. Mas na Câmara, cerca de cem deputados da chamada "bancada dos aposentados" poderão ser atingidos.
Depois de se recusar a abrir mão do dispositivo do teto, FHC comandou pessoalmente a operação de caça aos votos, com o objetivo de aprovar em segundo turno a reforma administrativa hoje com pelo menos 12 votos a mais que o mínimo necessário (308 votos).
Além do presidente, dedicaram-se à busca de votos ontem os ministros Sérgio Motta (Comunicações), Iris Rezende (Justiça), Eliseu Padilha (Transportes), Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e Eduardo Jorge (secretário-geral da Presidência).

Texto Anterior: Irmãos gêmeos
Próximo Texto: Líderes desistem de negociar fim de teto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.