São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Líderes desistem de negociar fim de teto

LUIZA DAMÉ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes governistas recuaram na negociação do teto salarial do serviço público, previsto na reforma administrativa. Eles temem que o Congresso se desgaste com a repercussão negativa da retirada do limite de seus próprios salários.
"O teto fica onde está. Se o teto cair, vai desabar sobre a nossa cabeça", afirmou o líder do governo, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), defende que os governistas negociem concessões para aprovar a reforma. "Vamos aprovar a reforma ainda que se faça uma ou outra concessão."
A chamada "bancada dos aposentados" está trabalhando contra a reforma por causa do teto. Os servidores não poderão receber além da maior remuneração de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), de R$ 12.720.
O líder do governo estava negociando uma flexibilização no texto que permitiria aos parlamentares aposentados acumularem salários e benefícios acima do teto.
O deputado Mussa Demes (PFL-PI) chegou a sugerir uma redação para o dispositivo para retirar a restrição ao acúmulo de vencimentos. A redação foi discutida pelos líderes, mas foi rejeitada.
"Num momento em que estamos pedindo um esforço da sociedade, não temos autoridade para mexer no teto", disse o líder do PSDB, deputado Aécio Neves (MG).
"Como justificar o fim do teto, se estamos aumentando o Imposto de Renda", disse o líder do PPB, deputado Odelmo Leão (MG).
O ministro Bresser Pereira (Administração), que ontem visitou os líderes governistas, distribuiu uma nota explicando o que está incluído no dispositivo do teto salarial, para ajudar no convencimento da bancada dos aposentados.
Assessores da Câmara divulgaram a informação de que, por causa do teto salarial, os parlamentares não perderiam a ajuda de custo no início e no final de cada legislatura, os créditos de passagens aéreas e correspondência e o auxílio-moradia.
"Eu luto pela manutenção dos direitos dos servidores", afirmou o deputado Nilson Gibson (PSB-PE), um dos líderes da "bancada dos aposentados".
(LUIZA DAMÉ e DENISE MADUEÑO)

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