São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
Texto Anterior | Índice

Sínodo dos Bispos critica neoliberalismo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Membros do Sínodo dos Bispos para as Américas, reunidos no Vaticano desde o início da semana, condenaram ontem o neoliberalismo praticado nos países da região.
O evento -inédito nos quase 2.000 anos da Igreja Católica- é coordenado pelo papa João Paulo 2º e reúne religiosos de todos os países das Américas.
A partir de citações da Bíblia, os bispos criticaram o neoliberalismo, qualificando a atual situação dos povos latino-americanos "um atentado aos planos de Deus".
O arcebispo de Nova Pamplona, na Colômbia, Victor Manuel López Forero, 66, fez as críticas mais contundentes.
Para o religioso, a nova ordem econômica mundial "está contribuindo enormemente para o empobrecimento do povo e contraria abertamente o plano do Criador".
López Forero -que acredita não haver "versão boa" do neoliberalismo- teme que a economia de mercado se transforme em "poder absoluto" e acentue as desigualdades e o fluxo migratório.
"O neoliberalismo gera má distribuição de riqueza, mercados sem controle social, crescente e asfixiante dívida externa e a grave crise generalizada de nossa sociedade", disse.
A opinião é compartilhada pelo arcebispo de San José, capital da Costa Rica, Román Arrieta Villalobos, 73. Para ele, devem ser estabelecidos preços mais justos aos produtos vendidos da América Latina para os EUA e Canadá.
Villalobos afirma que a medida serviria para "melhorar substancialmente as condições de vida de amplos setores da população latino-americana".
Banco Mundial
Ontem, o papa João Paulo 2º manteve encontro reservado com o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, durante intervalo nas assembléias. O conteúdo da conversa não foi divulgado pela assessoria do papa.
A assembléia do Sínodo dos Bispos para as Américas tem como tema "Encontro com Jesus Cristo Vivo, Caminho para a Conversão, a Comunhão e a Solidariedade na América".
O objetivo é discutir os rumos da Igreja Católica no continente e sugerir propostas de mudanças, que podem ou não ser aceitas pelo papa. A delegação brasileira, com 22 bispos e arcebispos, é a maior.

Texto Anterior: Funcionários do Incra são reféns no PA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.