São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Pesquisa mostra 205% mais bebês com Aids
FERNANDA DA ESCÓSSIA
No mesmo período, a média brasileira foi de 125%, revela uma pesquisa da ONG (organização não-governamental) Instituto Promundo com dados do Ministério da Saúde, obtida com exclusividade pela Folha. O grupo com a segunda maior taxa de crescimento foi a faixa etária entre 1 e 4 anos de idade (150%). A pesquisa cruza os dados por faixa etária com os números de casos entre mulheres e mostra que o crescimento da Aids entre mulheres em idade fértil (de 15 a 49 anos) foi de 202%. Entre homens na mesma faixa etária (15 a 49 anos), o aumento do número de casos de Aids foi de 111%. Para os pesquisadores, a semelhança dos números do crescimento da doença entre bebês (205%) e mulheres em idade fértil (202%) revela a força da transmissão perinatal (de mães grávidas para os filhos) do vírus. A contaminação dos bebês filhos de mães com HIV acontece durante a gestação, parto ou amamentação. Se o vírus for detectado no início da gravidez, a mãe pode ser tratada, evitando a contaminação da criança. No entanto, muitas mulheres só descobrem que são soropositivas depois do parto. A mesma pesquisa mostra que, entre crianças de até 12 anos com Aids, em 76% dos casos a contaminação aconteceu pela via perinatal. Prevenção O estudo, de autoria dos pesquisadores Miguel Fontes e Sérgio Santos, foi discutido em oficinas promovidas pelo Ministério da Saúde e será apresentado ao público amanhã, no 2º Congresso Brasileiro de Prevenção às DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e Aids, em Brasília. "O estudo mostra que é preciso intensificar a prevenção nesse grupo. Muitas mulheres só descobrem que estão contaminadas depois do parto", afirma Fontes, 29, presidente do Instituto Promundo. Na avaliação do pesquisador, as campanhas de prevenção à Aids continuam privilegiando os grupos antigamente chamados "de risco" -homossexuais, hemofílicos e usuários de drogas injetáveis-, mesmo que o perfil da doença tenha se alterado no país. A Aids tem crescido especialmente entre mulheres e crianças brasileiras, como mostram os dados do Ministério da Saúde. "Não há mais grupos de risco, o risco é de todos, mas as campanhas continuam esquecendo o grupo formado pelas mães." O Instituto Promundo é uma organização de advocacia internacional com escritórios na Tailândia e nos Estados Unidos. Texto Anterior: Contru interdita prédio de faculdade na Mooca; Justiça Militar Federal tem sede provisória Próximo Texto: Adoção pode ser opção Índice |
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