São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Agora, Savelli diz que quis debate

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em entrevista à Folha, o secretário Alfredo Mário Savelli disse que poderá usar mais vezes frases como a de anteontem -quando chamou a população da capital de "porca"- para causar impacto.
"O cidadão, ao ver o outro jogando lixo no chão, vai começar a repreender com o olhar. Se houver uma multiplicação desse comportamento, nós teremos uma cidade mais limpa", disse em entrevista para uma rádio.
A entrevista foi concedida ontem à tarde, após Savelli discursar na praça José Augusto Velloso, na Vila Gumercindo (zona sudoeste), no lançamento da segunda operação integrada da zona sul.
A operação, oitava e última realizada este ano, é uma ação unificada das administrações regionais contra enchentes, que vão fazer juntas obras como a limpeza de bueiros e córregos.
Segundo Savelli, ao usar a frase ele não teve a intenção de generalizar, mas trazer o assunto à tona.
Savelli já havia usado do expediente das declarações polêmicas em situações anteriores.
Em julho, ao comentar a retirada dos camelôs da avenida Paulista, Savelli disse que "não existe mais espaço em São Paulo para as pessoas sem qualificação".
*
Folha - Qual a intenção do senhor ao chamar o paulistano de porco?
Alfredo Mário Savelli - A minha intenção não foi a de generalizar, mas a de criar impacto. Usei uma frase de impacto, dita de forma simples, que criasse polêmica e fizesse a população pensar no assunto, em como colaborar para a redução do problema. Além do que, eu sou palmeirense. Eu sou porco (apelido dos torcedores do clube) também.
Folha - E a polêmica contribui de que forma?
Savelli - É uma economia com publicidade. Ganhamos todos. A população, a cidade e a prefeitura. Ainda mais nesse período de chuvas (quando o acúmulo de lixo pode contribuir com enchentes), a frase veio a calhar. Longe de mim querer generalizar.
Folha - Já que a prefeitura economiza, o uso de frases de impacto pode ser transformado em estratégia da SAR ao se defrontar com situações polêmicas no futuro?
Savelli - É uma boa idéia. Gastamos um dinheirão com outdoors (o secretário não soube dizer quanto) na campanha para não jogar lixo no chão e fora de horário. A campanha deu resultado, mas não todo o resultado que desejávamos.
Folha - Qual é esse resultado?
Savelli - A frase já está surtindo efeito. Hoje, por exemplo, a Igreja Messiânica fez contato comigo e disse que vai levar 1.500 pessoas num sábado para um mutirão de limpeza para dar exemplo.
Folha - A população diz que joga lixo na rua não somente por falta de educação, mas também por não haver lixeiras. O que a SAR pode fazer com relação ao problema?
Savelli - A questão das lixeiras é importante, uma prioridade da secretaria. Pretendemos colocar 30 mil lixeiras na cidade, a partir do primeiro trimestre do ano que vem (leia texto ao lado).
Folha - Como serão as lixeiras?
Savelli - Vários modelos foram aprovados pela Comissão Permanente de Paisagem Urbana, que decidirá qual será o mais apropriado para cada bairro, de acordo com a infra-estrutura urbana de cada bairro.
(MO)

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