São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Entre a papelada e o Canindé
ALBERTO HELENA JR.
É provável que a estas horas o enrosco já tenha se desfeito. Mas o estrago já está feito. Afinal, a Lusa, que perdeu na estréia para o Flamengo, deveria ter passado estes dias afiando suas garras para recuperar-se diante do Juventude, jogo-chave para os componentes desse grupo que pretendam realmente disputar o título. O técnico, em vez de mergulhado na papelada legal que o prende ainda aos espanhóis, deveria estar engendrando estratégias e táticas para soltar a imaginação da gente lusitana. Na pior das hipóteses, conhecendo mais de perto a turma que deveria estar sob o seu comando, no Canindé. Até parece piada d'álém mar, sô! * Uma perguntinha: a quem interessa esse clima de Grenal, criado em torno da estréia do Palmeiras, e que, por certo, vai se exacerbar no jogo da volta, no Beira-Rio? Só ao Inter e à mentalidade provinciana de alguns dos envolvidos. Com toda certeza, ao Palmeiras, nunca! Cabe, portanto, ao Palmeiras, retomar a postura cosmopolita que marcou seus momentos de glória nesta década, para não voltarmos aos tempos da Academia. E impor seu estilo tradicional -o de um time vencedor, que dá espetáculo em qualquer canto do mundo. * Nesta altura do campeonato, até o derrotado de ontem tem chances de se transformar no vitorioso de amanhã. Mas é inegável que dois times, pelo que fizeram desde o início, exibiram um padrão de jogo qualificado para a decisão: Vasco e Atlético. Isto é: conseguiram dar ao espírito de competitividade um toque de classe indispensável para que o futebol não vire tourada. O Vasco, com seus Juninhos e Pedrinhos girando em torno do veterano Evair, um pivô ofensivo de rara funcionalidade, leva a vantagem de ter Edmundo em plenitude -não só desmonta as defesas com seus dribles desmoralizadores, como ainda por cima descobriu o atalho para as redes inimigas. Já o Atlético, graças à velocidade e talento de Marques, Valdir e Almir, sempre pronto para entrar na hora decisiva, é um terror nos contragolpes. Ainda por cima, revela uma garotada de ouro, tendo à frente esse menino Dedé (parece que vivemos sob o signo dos laterais-esquerdos), que o veterano Jorginho põe pra correr com ciência e precisão. Em nome do que resta de graça e emoção neste amaldiçoado futebol de resultados, torço para que Vasco e Atlético nos ofereçam a final que o campeonato não mereceria, mas o torcedor sim. * E o Corinthians, hein? Que se desate logo esse nó com o Candinho. Ou vai ou fica, e fim de papo, gente. Pois esta é a hora de armar o time para a próxima temporada. Senão, é aquele sufoco de sempre: começa com um time, vai mal, aí bate o desespero e tome dinheiro pela janela. Texto Anterior: 'Cabeceou bem, e o ouvi gritar gol' Próximo Texto: Pelé, Cruyff e Zico Índice |
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