São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Pelé, Cruyff e Zico
THALES DE MENEZES
O tênis tem um história curiosa no Brasil. Na segunda metade dos anos 70, um boom do esporte chegou pelas quadras daqui, gerando o lançamento de duas revistas especializadas e a estruturação de três bons circuitos nacionais, masculino (Copa Itaú), feminino (Copa Santista) e juvenil (Circuito Sul-América). Todos esses torneios eram consumidos pelos adeptos mais fervorosos. O dado mais curioso fica com um público maior, aquele que acorda para os esportes de quatro em quatro anos, na Olimpíada. Em outras palavras: gente normal, que mantém contato com o esporte só pelas transmissões da TV. Naquela época, muita gente acompanhava apenas um jogo de tênis por ano: a final de Wimbledon, que a Globo transmitia religiosamente em julho. Era mais ou menos como ver a São Silvestre na noite do dia 31 de dezembro. Daí, alguns podem questionar se o sueco não foi melhor do que Pete Sampras. Não. Não foi. Apesar da segunda colocação nessa eleição, Borg figura num grupo célebre, junto com Ivan Lendl, Ilie Nastase e Boris Becker. Acima deles estão Sampras, que realmente está sobrando nestes anos 90, e o carismático Jimmy Connors, o único a figurar entre os "top five" durante quatro gerações tenísticas. Agora, acima de todo mundo, reina John McEnroe. A eleição dos famosos parece ter destacado o rendimento da carreira de cada tenista, mas se fosse realmente a escolha do melhor tenista do mundo dos últimos 25 anos, tinha obrigação moral de eleger o Big Mac. Depois desse período, ele ficou acomodado. Estava casado, milionário e sem rivais -perdão aos fãs de Lendl e Edberg, mas McEnroe colocava os dois no bolso, bastava querer. Hoje, Sampras tem como meta pessoal acertar todas as bolas que bate. Busca a qualidade total numa quadra de tênis. Pete Sampras é como Johan Cruyff: cerebral, com uma visão de jogo incrível, sabe o que fazer e como se posicionar, o tempo todo. John McEnroe é como Pelé: craque, gênio, capaz de petecar uma laranja durante horas sem deixar cair no chão. Bjorn Borg? Talvez seja um bom Zico, com louvor. Texto Anterior: Entre a papelada e o Canindé Próximo Texto: Silva mantém clima de incerteza na Lusa Índice |
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