São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Beaujolais Nouveau chega amanhã

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A safra de vinhos Beaujolais Nouveau deste ano chega ao Brasil amanhã. Devido a um esquema especial de distribuição, as garrafas atingem diversas partes do mundo no mesmo dia -a terceira quinta-feira de novembro.
Três fatores marcam o sucesso do Beaujolais Nouveau: uma uva (Gamay), um método (maceração carbônica) e, sobretudo, um trabalho de marketing fenomenal.
A história da Gamay não é das mais brilhantes. Conhecida pela sua excessiva produtividade e por dar origem a vinhos diluídos, sem muito caráter, ela chegou a ser banida, no século 14, dos famosos vinhedos da Côte d'Or pelo primeiro duque de Borgonha, Felipe, que considerou a variedade "prejudicial aos seres humanos" e "contrária às práticas" da região.
A cepa acabou achando refúgio um pouco mais ao sul, nos terrenos de Beaujolais, e deu a volta por cima graças à maceração carbônica, uma técnica que ajuda a ressaltar algumas das suas características: a maceração carbônica.
Nela, as uvas -ainda nos cachos, antes de serem esmagadas e fermentadas- são colocadas em tanques que contêm dióxido de carbono (que impede a oxidação).
Os grãos iniciam uma fermentação dentro das próprias cascas (maceração), que libera pigmentos e componentes frutados, evitando a extração de taninos (localizados nas camadas externas), que dariam aspereza ao vinho.
Por isso, os Beaujolais Nouveau são leves, superfrutados, bastante redondos (pela falta de taninos) e, pela mesma razão, devem ser consumidos até seis meses após a safra (e refrescados a 12 ou 14 graus).
Os vinhos ganharam renome na cidade de Lyon, vizinha à região, onde a chegada desses tintos precoces costumava ser recebida com alvoroço pelos apreciadores locais.
A festa em torno dos primeiros goles rubros do ano virou moda nos bistrôs de Paris e se espalhou -graças a um trabalho de marketing de produtores como Georges Duboeuf- pelas principais capitais, onde, como em São Paulo, em meio a comemorações, chega, sempre na terceira quinta de novembro, a Beaujolais Nouveau.
A última safra foi considerada muito boa e os Nouveau 97 devem ter um nível acima da média. Porém, é bom lembrar que, ainda assim, estes são, em geral, vinhos simples, muito longe de pertencerem ao primeiro time. Mas, em contrapartida, têm uma excelente qualidade: o poder de conquistar novos súditos para o reino de Baco.

Onde achar: Patriarche, na Expand, tel. 011/816-2024 (US$ 15,41); Joseph Drouhin, na Mistral, tel. 011/283-0006 (R$ 15,75 e R$ 17,50); Dominique Piron, no Club du Taste-Vin, tel. 011/853-4277; Mommessin, na Maison du Vin, tel. 011/284-7288 (US$ 15,00); Georges Duboeuf, na Franco Suissa, tel. 011/573-7888 (R$ 21,70).

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