São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Homenagem a Chico Buarque traz frustrações
LUIZ CAVERSAN
O show do Rio durou 1 hora e 30 minutos e, como todo evento dessa natureza -que mistura artistas de perfis distintos, saudosismos e improvisação-, teve altos e baixos. Além de algumas frustrações. A maior foi presenciar a avareza de Chico Buarque, que limitou a atuação solo no palco a só quatro canções ("Alvorada", "Folhas Secas", "Chão de Esmeraldas" e "Divina Dama"). Muito pouco para quem emprestava o nome ao show, era sem dúvida a grande atração da noite e, além de tudo, recebia as homenagens por ter sido escolhido tema do samba-enredo da escola no próximo Carnaval. OK que no disco que deu origem ao show -o repertório e convidados são basicamente os mesmos- já tinha sido assim. Mas esperava-se que, ao vivo e diante do calor da platéia, a improvisação e a descontração inerentes ao samba prevalecessem, o que não ocorreu. Repetiram-se fórmulas do disco que pioraram ao vivo, como o dueto entre Carlinhos Vergueiro e Christina Buarque, ambos com potencial vocal restrito e cujas limitações se acentuaram ao vivo. Os demais convidados -Lecy Brandão, João Nogueira, Beth Carvalho, Alcione, Nelson Sargento, Jamelão e a Velha Guarda da Escola- deram o que o público queria: rememoraram sambas históricos relacionados à escola mais famosa do país e foram recompensados com muito aplauso. Apesar de -ou talvez por causa disso- alguns exageros. Como Beth Carvalho cantar "As Rosas Não Falam", de Cartola, ajoelhada. Ou os malabarismos vocais de Alcione na maravilhosa "Sei Lá Mangueira", de Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho. O ponto alto ficou para o fim, com Jamelão. Bastou que aquele negro forte e cuja voz está ligada ao samba há muitas décadas soltasse a primeira nota em "Quatro Estações" para que todos os demais ficassem reduzidos a um patamar menor. Ele é, há muito, a grande voz do samba e a grande voz da Mangueira. Um show à parte. O espetáculo "Chico Buarque da Mangueira" resumiu-se a um painel irregular da produção musical que reverencia a escola de samba. Satisfaz os fãs inveterados da Mangueira e deixa com água na boca os admiradores de Chico Buarque. Hoje, excepcionalmente, não é publicada a coluna "Netvox". Texto Anterior: Beaujolais Nouveau chega amanhã Próximo Texto: Leandro & Leonardo canta hoje no Palace Índice |
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