São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Banda faz hipnose para 25 mil
DENISE BOBADILHA
O cantor parecia ter medo de encarar a platéia de mais de 25 mil pessoas que estava aguardando o primeiro show do Oasis em Londres em dois anos. Ashcroft piscou algumas vezes e chegou a sorrir em êxtase quando sentiu que aquela noite também era sua. Por outro lado, quem estava com os olhos bem arregalados era o atônito público, diante de Ashcroft e dos outros quatro músicos do Verve. O prazer que a banda transmitia ao tocar e a sinceridade da voz do frágil vocalista eram hipnóticos. Já de cara, com "The Rolling People", percebia-se que o Verve não estava de volta à ativa por pouco -impressão confirmada nos primeiros acordes da segunda música da noite, "This Is Music". Ashcroft declama "Tell me what you see/I'm standing here all alone" ("Diga-me o que você vê/eu estou aqui totalmente sozinho"). Com um violão, força os timbres de forma emocionada e entoa "Sonnet", um dos momentos mais encantadores da noite. É possível ver os olhos verdes-escuros do líder do Verve -distantes e serenos- apenas em "The Drugs Don't Work". Último single da banda e hit absoluto na Inglaterra, a música faz com que milhares cantem. E Ashcroft perde o medo da multidão por alguns segundos. Depois de outras quatro canções -todas executadas com esmero, como se fossem peças únicas em uma noite única-, o terreno volta a ficar seguro para o tímido Ashcroft. É "Bitter Sweet Symphony", o candidato a maior hit do verão. O telão focaliza o baterista Peter Salisbury, e ele também se emociona. O rosto de Richard é só sombras. Vê-se seus lábios grossos sussurrando ao microfone, as pálpebras um tanto trêmulas, mas cerradas -e é fácil lembrar de Ian McCulloch cantando nos bons tempos do Echo & The Bunnymen. O Verve encerra sua noite com duas canções de desmanchar a alma, "History" ("Você e eu somos história hoje") e "Come On". O refrão que dá nome à última sai tão cortado que se torna uma convocação pessoal. Todos urram, aplaudem. A banda agradece e sai. A história se fez. Texto Anterior: Por que a Inglaterra ama o Verve Próximo Texto: Mulher do Fundo bota no fundo da gente! Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |