São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Bico vira profissão

GILBERTO DIMENSTEIN

Preocupadas com o abandono dos filhos, as mães americanas mudam o perfil do mercado de trabalho e ensinam como equilibrar emprego e família.
A descoberta apareceu no último levantamento oficial sobre evolução do emprego, mostrando expressivo aumento de trabalhadores ocupados apenas meio período; são atualmente 26 milhões de trabalhadores.
Uma investigação mais detalhada viu que boa parte desse crescimento se devia a mulheres casadas, com filhos menores de seis anos.
De acordo com os dados do governo, de cada dez mulheres casadas e com filhos pequenos, quatro não aceitaram período integral.
É uma tendência que, em menor proporção, atinge os homens, mostrando como marido e mulher vão repensado no dia-a-dia seus papéis.
O resultado é que emprego de meio período está deixando de ser bico no país.
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O movimento é estimulado pela enxurrada de pesquisas, alardeadas pela imprensa, mostrando efeitos desastrosos nas crianças provocados pela distância dos pais.
Os efeitos vão desde mau desempenho escolar, passando por sinais de depressão e envolvimento com drogas e criminalidade -na semana passada, pesquisa divulgada pela Associação Americana de Psiquiatria revelou que de cada quatro adolescentes, um já pensou em suicídio.
Diante dessa tendência, empresas mais avançadas, preocupadas com a qualidade da mão-de-obra, apostam na profissionalização do que antes seria visto como bico.
Preferem manter o funcionário trabalhando meio período a terceirizar e a investir dinheiro em treinamento num estranho. Constatam que, no final, sai mais barato.
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Por trás desse perfil há uma gigantesca tendência, verificável já no Brasil, embora em menor grau.
É cada vez menor o número de funcionários que não fazem parte da folha de pagamento, recebendo todos os benefícios.
Empresas americanas vêm reservando mais e mais os empregados integrais para um núcleo decisório. Os demais vão gravitando entre o meio período ou apenas tarefas provisórias, mantendo-se atualizados através de cursos nas universidades especiais para adultos.
Número crescente de trabalhadores americanos informa que gosta dessa regra do jogo, já que consegue administrar melhor seu tempo.
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PS - Separei um texto em inglês, com resumo em português, mostrando como prosperam novos mecanismos de relacionamento entre empresa e empregados, rompendo antigos vínculos. Está no seguinte endereço: www. aprendiz.com.

E-mail: gdimen@aol.com

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