São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Turquia tenta banir partido islâmico

Ex-premiê depõe na Justiça

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-primeiro-ministro turco Necmettin Erbakan, 72, compareceu ontem ao Tribunal Constitucional do país, em Ancara (capital), para tentar evitar a proibição de seu Partido do Bem-Estar.
A ação, iniciada pelo procurador-geral Vural Savas, quer extinguir o partido para manter a qualidade laica do Estado turco, a base da política nacional. O Partido do Bem-Estar propõe a islamização do país e chegou ao poder no ano passado -foi o primeiro governo pró-religioso do país.
Desde que Mustafá Kemal Atatürk instaurou a República, em 1923, o Exército é o guardião do Estado laico, base para ocidentalizar o país.
Mas o avanço do fundamentalismo islâmico chegou também ao país, misturado a uma proposta de governo assistencialista que ruiu em junho deste ano, sob a pressão militar e um racha na coalizão de governo que sustentava Erbakan.
Essa dualidade ilustra a posição geopolítica da Turquia, literalmente dividida entre a Europa, a oeste, e a proximidade com os países árabes e o teocrático Irã, a leste -98% dos turcos são islâmicos.
Argumentos de Erbakan
"Liberdade religiosa e liberdade de consciência são protegidas por Estados, mas aqui estamos usando essas questões para tentar fechar um partido", teria dito Erbakan aos 11 juízes, segundo membros de seu partido, durante a sessão secreta do tribunal.
Erbakan deve comparecer novamente perante o tribunal. Se a ação for levada adiante (uma nova audiência acontece hoje, mas o resultado final ainda deve levar meses), Erbakan pode perder o direito a um partido pela terceira vez -ele já teve partidos cassados em 1971 e 1980.
O ex-premiê está ameaçado ainda de perder seus direitos políticos por cinco anos e de ser processado por incitar à violência.
O Bem-Estar é hoje o maior partido turco. Tem cerca de 3 milhões de militantes e 150 das 550 cadeiras do Parlamento.

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