São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Presidente do CRM é sequestrado e leva tiro

DA REPORTAGEM LOCAL

O médico ginecologista Pedro Paulo Roque Monteleone, 56, foi libertado por sequestradores na manhã de anteontem após sua família ter pago cerca de US$ 20 mil de resgate. Monteleone é o atual presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo.
Ele foi dominado por cinco sequestradores por volta das 3h de anteontem, quando chegava à sua casa, na Vila Sônia (zona sudoeste de São Paulo), com seu carro importado da marca Mazda.
Monteleone contou que estava voltando de um jantar com amigos na cantina Lellis da rua Peixoto Gomide, nos Jardins (zona sudoeste), programa que costuma fazer em todas as noites de terça.
"Quando desci do carro para abrir o portão, fui dominado por três homens que desceram de um carro que parou atrás do meu", narrou o médico.
Em seguida, ele foi colocado no porta-malas de seu carro. Como tentou reagir, foi agredido pelos sequestradores. "Um deles bateu com o revólver na minha orelha esquerda. O revólver disparou e um tiro atingiu de raspão meu couro cabeludo."
Sangrando, Monteleone rodou cerca de meia hora no porta-malas, foi colocado em outro carro com a cabeça coberta por uma camisa e levado a uma casa abandonada que serviu de cativeiro.
Na casa, os homens teriam exigido que Monteleone entregasse seus cartões eletrônicos de banco e revelasse as senhas. Mas como não anda com cartões magnéticos, eles teriam decidido sequestrá-lo.
"Ofereci todo o dinheiro que tinha na carteira, R$ 150 e US$ 200, mas eles não aceitaram", disse.
O próprio Monteleone entrou em contato com sua família pelo telefone celular. Após negociação, os sequestradores aceitaram libertá-lo se recebessem US$ 20 mil. O médico não quis revelar o valor pago pelo resgate, mas a polícia confirmou a quantia.
Depois de receberem o resgate, os homens voltaram para casa comemorando, segundo o médico, e prometeram que iriam libertá-lo em dez minutos.
Três horas depois, como ninguém voltou ao cativeiro, Monteleone resolveu fugir. Ele desceu as escadas, encontrou a porta aberta e foi para a rua. Após andar cerca de 500 metros por ruas de terra, ele chegou à estrada do Campo Limpo (zona sul), onde pegou um táxi e voltou para casa.
No total, Monteleone ficou 8,5 horas sequestrado. Ele acredita que, além dos três homens que o dominaram, outros cinco tenham participado da ação. Dois teriam seguido o Mazda em outro carro. Os três restantes teriam ficado no cativeiro.
Monteleone acha que os bandidos pretendiam realmente sequestrá-lo. Mas ele não acredita que o sequestro esteja relacionado ao fato de ser presidente do CRM.
O sequestro não deve fazer o médico mudar seus hábitos. "Isso é uma rotina na cidade violenta onde vivemos. É uma demonstração da situação social precária que leva as pessoas ao crime."

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