São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Poupança perderá vantagem sobre fundos

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As cadernetas de poupança estão com tudo neste mês. Os dados mais recentes do Banco Central indicam que, até 17 de novembro, os depósitos superaram os saques em R$ 2,7 bilhões. No mesmo número de dias úteis em outubro a captação líquida era positiva, mas em apenas R$ 367 milhões.
A continuar nesse ritmo, as cadernetas poderão captar cerca de R$ 4 bilhões neste mês, praticamente o mesmo nível recorde de dezembro de 96, quando a rentabilidade também deu um salto.
A opção da poupança para aplicar pelo menos parte do 13º salário que será recebido em dezembro, entretanto, deverá ser reavaliada.
Continuará rendendo bem, principalmente em termos reais, pois a inflação está baixa. Mas certamente não terá o sucesso de agora (depósito em novembro e crédito em dezembro), na comparação com outras aplicações.
O redutor móvel aplicado à média dos CDBs para obtenção da TR, fixado neste mês em 1,15%, foi calculado na última semana de outubro, quando os juros apenas iniciavam a passagem para o patamar pós-crash global.
Para dezembro, o redutor já terá por base taxas mais elevadas de CDBs e poderá saltar para o patamar de 1,40%. Quanto maior o redutor, menor a TR e também a poupança. O rendimento da caderneta deve cair abaixo de 2%.
Os FIFs (Fundos de Investimento Financeiro), que vêm perdendo recursos para a poupança em novembro, tendem a retomar a vantagem porque independem de redutores da TR. A desvantagem é ter Imposto de Renda de 15% no resgate, o que não existe na caderneta.
Isso não significa que a melhor coisa a fazer em dezembro será trocar a poupança por um FIF, num movimento inverso ao que ocorreu neste mês. Transferências devem ser evitadas porque o 0,20% da CPMF pode retirar eventual vantagem que o investidor teve ou terá com os juros de determinada aplicação.
Alternativas de aplicação do 13º fora da renda fixa (ver quadro abaixo) são restritas porque sobras de salário, quando existem, são relativamente pequenas.
O risco de investir em fundos de ações aumentou e o dólar, ao que tudo indica, deve manter o ritmo de 0,6% ao mês, contra os 2% dos juros. Além disso, para muita gente há dívidas a quitar.
Resta o consumo, mas aqui a expectativa é que a própria situação da economia leve o consumidor a ser moderado.
Como lembra Fábio Pina, analista econômico do Banco Fenícia, juro alto representa crise e faz crescer o temor do desemprego. Num clima desses, diz ele, as pessoas tendem naturalmente a poupar mais e a consumir menos.

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