São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
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Pitta paga servidor para outra prefeitura

ROGÉRIO GENTILE
EMANUEL NERI

ROGÉRIO GENTILE; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Número de funcionários cedidos por São Paulo cresce em relação às gestões anteriores; até agora, são 125

O contribuinte paulistano está pagando salários para funcionários da Prefeitura de São Paulo trabalharem em gabinetes de deputados e na administração de outras cidades e Estados.
Levantamento feito nas edições de 1997 do "Diário Oficial" do município mostra que existem pelo menos 125 casos de servidores nessa situação.
Nenhum deles exerce qualquer atividade dentro da prefeitura paulistana, que passa por uma crise financeira (com obras paradas e atrasos nos pagamentos de fornecedores e cooperativas de saúde).
Autorizados por lei, os empréstimos aumentaram muito em 1997 -véspera da eleição para governador do Estado- em relação às gestões Paulo Maluf (1993-1996) e Luiza Erundina (1989-1992).
Em 1995, por exemplo, a prefeitura emprestou 41 funcionários, que continuaram recebendo pela prefeitura, para outras cidades e instituições.
Em 1992, foram apenas 18, sendo que 10 foram emprestados na base da permuta (a cidade beneficiada enviava um outro funcionário para a prefeitura paulistana).
Atualmente, na Câmara dos Deputados atuam 7 servidores da cidade de São Paulo -6 com deputados do PPB, partido do prefeito Celso Pitta e de Maluf, e 1 na liderança do PSDB.
Os funcionários foram transferidos para os gabinetes dos deputados Felipe Mendes (PPB-PI), Vadão Gomes (PPB-SP), Ricardo Izar (PPB-SP), Lamartine Posella (PPB-SP), Celso Russomanno (PPB-SP), Ushitaro Kamia (PPB-SP). O sétimo trabalha na liderança do PSDB, que está a cargo de Aécio Neves (MG).
Os salários não foram divulgados pela Prefeitura de São Paulo.
No caso do deputado Celso Russomanno, por exemplo, o funcionário em questão é Nélson Áttila Russomanno, irmão do deputado.
Nélson Áttila trabalhava na Prodam (Processamento de Dados do Município, empresa da prefeitura) desde 1978. Em 1995, foi transferido para a Câmara e, desde então, trabalha no escritório político do deputado, em São Paulo.
Outra modalidade
A legislação municipal prevê uma outra modalidade de comissionamento "com prejuízo de vencimentos". Isto é, os empréstimos podem ser feitos sem que o município tenha de pagar os salários, que passariam a ser uma responsabilidade do órgão receptor.
Na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, por exemplo, o deputado Pedro Dallari (PSB) possui dois funcionários da prefeitura em seu gabinete. Todos são pagos com a verba da Assembléia e não da prefeitura. Já os deputados Campos Machado (PTB), Erasmo Dias (PPB) e Roque Barbiere (PTB) têm funcionários pagos pela prefeitura paulistana.
Os casos, porém, não existem apenas no Legislativo. No interior de São Paulo e em outros Estados há 115 servidores bancados pelo contribuinte paulistano.
Há funcionários de São Paulo, por exemplo, nas prefeituras de Uberaba (MG), Iguatu (CE), Recreio (MG), Petrópolis (RJ), Paraty (RJ) e João Pessoa (PB).
Os municípios de Taboão da Serra (15 km a sudoeste de SP) e Campinas (99 km a noroeste), ambos administrados por prefeitos pepebistas, são os que possuem mais servidores paulistas -nove e seis, respectivamente.
O vereador paulistano Adriano Diogo (PT) diz estar convencido de que o aumento na transferência de funcionários para o interior faz parte da campanha de Maluf ao governo paulista em 98. Para ele, esses servidores acabarão trabalhando em comitês malufistas.

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