São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ibama quer Ásia em debate sobre mogno

Proposta inclui Malásia e Indonésia

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal quer incluir Malásia e Indonésia, dois países asiáticos acusados de ter madeireiras atuando na Amazônia, como observadores no Grupo de Trabalho do Mogno -fórum internacional proposto pelo Brasil que, em fevereiro de 98, discutirá em Brasília se essa madeira está ameaçada de extinção e o que vai ser feito para disciplinar a exploração e o comércio desse recurso natural.
A denúncia é feita pelo escritório brasileiro da entidade ambiental Amigos da Terra, que interpreta essa atitude do governo brasileiro como conivente com a atuação predatória das madeireiras asiáticas na Amazônia.
A Amigos da Terra obteve cópia do fax em inglês enviado mês passado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) aos governos americano e boliviano -que também fazem parte do grupo de trabalho- listando Malásia e Indonésia (mais o Canadá) como observadores nesse fórum de discussão.
"Malásia e Indonésia são justamente os países asiáticos que têm madeireiras com um passado de destruição ambiental e corrupção em todos os lugares por onde passam", disse Roberto Smeraldi, diretor do Programa Amazônia do Amigos da Terra.
"Esses países asiáticos não têm mogno, não são exportadores nem importadores dessa madeira. Não há razão para incluí-los."
O Ibama confirmou haver proposta em inglês incluindo Malásia e Indonésia nas discussões sobre mogno, mas informou que se tratava de uma versão preliminar.
Uma nova versão, em português, com apenas o Canadá como observador foi enviada à Folha como prova da mudança de idéia.
Segundo Antonio Carlos Prado, diretor de estudos de desenvolvimento sustentável do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Malásia e Indonésia foram retirados da nova versão para não tornar muito "grande" o grupo.
O Grupo de Trabalho do Mogno foi proposto pelo Brasil, que é contra a inclusão do mogno como espécie ameaçada de extinção, proposta defendida pelos EUA. Também fazem parte países importadores, entidades com especialistas no tema e países observadores.

Texto Anterior: Gugu Liberato bate Faustão pela 6ª semana seguida
Próximo Texto: LIVROS JURÍDICOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.